Denúncias de corrupção podem reprovar candidatos nas urnas e decidir eleições

As sucessivas denúncias de corrupção, que levaram para as ruas pessoas sem vínculo político a combater os escândalos de desvio de dinheiro público, poderão influenciar no resultado das eleições municipais de 2012, segundo avaliam parlamentares e pré-candidatos. Recentemente a pressão popular forçou a Câmara dos Deputados a endurecer a legislação contra a lavagem de dinheiro e, consequentemente, o combate à corrupção.

Para os líderes políticos, quem tiver envolvimento em escândalos, mesmo sem ter sido condenado, precisará de atenção redobrada para não ser reprovado pelos eleitores nas urnas.

“Em 2012 o eleitor saberá separar candidatos envolvidos em denúncias”, acredita o presidente regional do PDT, ex-deputado federal Dagoberto Nogueira. Na avaliação dele, o eleitor está mais amadurecido e saberá cobrar mais nas urnas. Conforme Dagoberto, houve nos últimos anos uma mudança no paradigma do eleitor. Se antes ele votava em candidato que “rouba, mas faz”, agora irá escolher alguém que “faça sem roubar”.

Para o deputado federal Fábio Trad (PMDB) — que recentemente liderou a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados pelo endurecimento da lei de combate à lavagem de dinheiro — o combate à corrupção, além de foco das eleições 2012, influenciará na escolha dos candidatos.

“Existe uma demanda por ética na política muito grande e isso vai prevalecer. Vai decidir e de certa forma vai pautar a agenda eleitoral. Começou com o ficha-limpa e agora vem a cobrança por bons exemplos”, exemplifica. Segundo o deputado, o eleitor estará tão atento a essas questões que até a conduta do candidato durante a campanha eleitoral será levada em consideração nas urnas.

Para o deputado federal Vander Loubet (PT), também terão espaço temas diretamente relacionados ao dia-a-dia dos cidadãos, como transportes e qualidade de vida. Contudo, a história e o passado dos candidatos terão maior peso. “Essa vai ser uma eleição pautada pela ética”, avalia.

Mídias sociais

Para o prefeito Nelsinho Trad (PMDB), as mídias sociais ajudaram a democratizar as exigências e até mesmo a participação dos eleitores no processo político, tornando-os mais exigentes. “Acho que esse é o caminho”, defende. Segundo o prefeito da Capital, os candidatos precisarão dar maior atenção ao combate à corrupção em 2012. “Você viu o que acontece com quem não dá atenção às denúncias: cai”, afirma, em menção à queda de cinco ministros do governo federal após denúncias de desvio de verbas.

De acordo com o senador Delcídio do Amaral (PT), o combate à corrupção será um tema “inegável” que vai estar muito presente nas eleições municipais. Segundo ele, o País tem adotado legislação e normas mais rigorosas para combater a corrupção em resposta à sociedade que está mais disposta a cobrar dos homens públicos. “Também vai ter muita discussão a respeito da corrupção porque ano que vem será o julgamento do mensalão. Então, isso vai ter um reflexo muito forte”, comenta o senador.

O senador Waldemir Moka (PMDB) destaca que a esfera municipal “por ser mais próxima do cidadão” é mais fiscalizada que as demais. Assim a exigência pela lisura dos candidatos torna-se ainda mais presente nas eleições municipais. “O cidadão comum tem exigido ética, transparência e lisura dos que ocupam cargos públicos”, observa.

Para o ex-governador José Orcírio dos Santos “não tem melhor remédio” contra a corrupção do que as práticas preventivas. “O eleitor buscará maneiras de se combater preventivamente a corrupção por meio da transparência”, aposta.

“Julgamento será nas urnas”, diz Antônio João
Para o presidente regional do PSD, ex-senador Antonio João Hugo Rodrigues, o eleitor estará mais sensível nas próximas eleições e candidatos que possuem algum “deslize” no passado devem ficar atentos. “Essas pessoas correm o risco de terem o julgamento popular que é dentro das urnas que se faz”, afirma.

De acordo com ele, a população está cada vez mais indignada com os escândalos de corrupção. “A gente está cansado de ser roubado por tudo que é lado. É corrupção na estrada, no futebol”, diz, fazendo menção aos recentes escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes e do Esporte, que resultaram na queda dos ministros responsáveis pelas duas pastas do Governo federal.

Por conta do cenário de constantes denúncias, Antonio João — pré-candidato na disputa pela Prefeitura de Campo Grande — acredita que o eleitor será mais criterioso e durante o processo de escolha dos novos representantes “um pingo pode ser uma mancha muito grande” e candidatos cujos nomes estejam envolvidos em algum escândalo devem ficar atentos. Segundo o ex-senador, quem tiver comprometimento com a população e com o dinheiro público terá maior chance diante do eleitorado nas eleições municipais. “Isso vai pegar muito forte”, acredita.

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