PIB cai 3,6% no quarto trimestre; expansão da economia em 2008 fica em 5,1%

por JULIANA ENNES

A crise global fez a economia brasileira registrar no quarto trimestre do ano passado uma queda de 3,6% em relação ao terceiro trimestre, o maior recuo da série histórica do PIB (Produto Interno Bruto), iniciada em 1996 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já em relação ao quarto trimestre de 2007, houve expansão de 1,3%.

No acumulado de 2008, o crescimento do PIB chegou a 5,1% em relação a 2007, sustentado pelo bom desempenho dos trimestres anteriores. Ao todo, a economia movimentou R$ 747,152 bilhões no quarto trimestre; no ano, o PIB em valores correntes foi de R$ 2,889 trilhões.

O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país –é formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.

Os números divulgados nesta terça-feira mostram uma brusca desaceleração da economia brasileira, que assim como todos os países do mundo reflete a crise econômica. A parada no crescimento ocorre depois de uma alta de 6,8% no PIB terceiro trimestre –à época, o PIB anual estava em 6,4% sobre 2007.

A crise começou a se acentuar em setembro, depois que a quebra de bancos nos EUA fizeram a confiança no sistema financeiro desaparecer e o crédito mundial secar. Com isso, as empresas passaram a ter dificuldade em obter financiamentos e investir no setor produtivo. As pessoas físicas, por sua vez, também com menos crédito em circulação, começaram a consumir menos. Gerou-se, assim, uma crise de demanda: com menos gente querendo comprar, menos as empresas produziam. Automaticamente, menos empregos e contratações alimentaram a queda do consumo. No final, a crise financeira se transformou em crise econômica, com reflexos na chamada economia real.

Setores

O consumo das famílias –um dos itens responsáveis pelo forte crescimento da economia nos últimos trimestres por conta do crédito em alta– viu queda de 2% em relação ao terceiro trimestre. No ano, porém, acumulou alta de 5,4% ante 2007. Sobre o quarto trimestre de 2007, a alta foi de 2,2%.

Em contrapartida, o consumo do governo, que cresceu e ajudou a segurar a desaceleração da economia, subiu 0,5% no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre de 2008. Se comparado a igual período em 2007, o gasto público registrou alta de 5,5% no quarto trimestre do ano passado. No acumulado do ano passado, a elevação ficou em 5,6%.

O investimento realizado no país, medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ficou em R$ 138,4 bilhões no quarto trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre, o valor apresenta queda de 9,8%. No acumulado do ano, a taxa de investimento aumentou 13,8% em relação a 2007. Em relação ao PIB, a taxa de 2008 representou 19%, melhor resultado desde o início da série do IBGE.

O setor industrial, na comparação com o terceiro trimestre, teve queda de 7,4% (R$ 174,316 bilhões). Em relação ao quarto de 2007 também houve queda (4,1%), mas ficou 4,3% maior em 2008 em relação ao acumulado de 2007.

O setor de serviços registrou recuo de 0,4% frente ao terceiro trimestre. No ano, o segmento cresceu 4,8% sobre os 12 meses anteriores. Em relação ao quarto trimestre de 2007, houve alta de 2,5%.

O setor agropecuário, por sua vez, cresceu 2,2%, na comparação com o período de outubro a dezembro do ano anterior. No ano, essa expansão chegou a 5,8%. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, a agropecuária teve queda de 0,5%.

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