O presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson recusou o benefício de delação premiada durante depoimento prestado na terça-feira (12/2). Jefferson é réu no processo do Mensalão e foi interrogado pelo juiz Marcelo Granado da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. As informações são da Agência Brasil.
Em seu depoimento, o deputado cassado afirmou ter recebido R$ 4 milhões do PT para seu partido. Jefferson disse que, como réu, só poderia falar sobre sua própria atuação. “Reitero, confirmo, ratifico todas as informações que dei no passado. Mas entendo que o momento era outro, era político. Agora nós temos a tribunalização dessas questões e a minha presença aqui não é como testemunha política, é de acusado. Como acusado, falarei sobre os fatos a mim imputados.”
Respondendo à pergunta do juiz sobre se José Dirceu chefiava o esquema do Mensalão, Jefferson disse que ele “era o ministro político do governo Lula e que todos os acordos políticos entre o PT e o PTB passavam por ele”.
Ele explicou que o acordo envolvendo o repasse de R$ 4 milhões era para as candidaturas de vereadores e prefeitos do PTB, em troca do apoio petebista aos petistas em algumas capitais. “O PT alardeava um caixa de R$ 120 milhões. Nós ajustamos o apoio do PT nessas capitais e a contrapartida de financiamento do PTB em outros estados: R$ 20 milhões. A primeira parcela foi cumprida, mas aí deu problema, porque não havia recibo. Os R$ 4 milhões iniciais foram cumpridos, os demais R$ 16 milhões, não.”
Jefferson afirmou ainda que, em campanhas partidárias, “é assim que funciona, infelizmente. Dinheiro de eleição nunca é totalmente declarado. Das eleições que eu participei, quero dar o meu testemunho pessoal, 20% do real são declarados e 80% não se consegue declarar”.
O deputado cassado atacou, por várias vezes durante o depoimento, o Ministério Público. “O Ministério Público aderiu a essa atitude policial mais barata, que não tem responsabilidade pela denúncia que faz. Fala de todo mundo que quer falar, vaza antes a notícia, destrói reputações. E os heróis são os meninos do Ministério Público. É triste o país em que seus heróis têm que ser os denunciadores da ação penal e os chefes de delegacia”.
A Justiça Federal tem interrogatórios marcados até o final deste mês para ouvir denunciados no processo do Mensalão. O ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) será interrogado nesta quarta-feira (13/2). Na quinta-feira (14/2), está previsto o depoimento de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil.
Revista Consultor Jurídico