No último dia de julgamento, Fritzl pede perdão e diz que não pode mudar nada

O austríaco Josef Fritzl, acusado de manter a filha Elisabeth presa no porão da casa, estuprá-la e ter com ela sete filhos, afirmou no último dia de seu julgamento que lamenta “do fundo do coração”. A promotoria pediu que Fritzl, apelidado pela imprensa de Monstro de Amstetten, em referência à cidade, seja condenado à prisão perpétua.

“Infelizmente, eu não posso mudar nada agora”, afirmou Fritzl, acusado de homicídio por negligência, estupro, sequestro e incesto, no último dia de seu julgamento em Sankt Polten, 60 km ao oeste de Viena.

Alguns minutos antes, a promotora Christiane Burkheiser pediu a pena máxima –prisão perpétua– para Fritzl, que durante 24 anos manteve em cativeiro e abusou da filha Elisabeth.

Burkheiser, que contou ao júri como Elisabeth vivia no porão, sem pia, água quente, ou luz do dia, pediu a prisão perpétua de Fritzl pelas acusações de sequestro e estupro da filha e homicídio por negligência de um dos sete filhos que teve com ela –o bebê morreu por problemas respiratórios dois dias após nascer e seu corpo foi queimado em uma fornalha, por Fritzl.

“Houve homicídio por negligência e isto requer a pena máxima”, declarou. “Fritzl abusou da confiança das pessoas, enganando durante 24 anos todo seu entorno e as autoridades municipais de Amstetten”, afirmou, a respeito da cidade que fica 130 km ao oeste de Viena, onde morava a família.

As acusações de Burkheiser duraram apenas 20 minutos, já que a promotora considerou que não há dúvida sobre a culpabilidade do acusado em todas as acusações.

Acusado de assassinato, sequestro, estupro, incesto, escravidão e ameaças graves, Fritzl chegou a se declarar inocente no primeiro dia do julgamento das acusações de assassinato de escravidão –que poderiam lhe render a prisão perpétua– mas admitiu todas as acusações na quarta-feira (18), confissão que pode lhe atenuar a pena.

Assassinato

Embora tenha assumido o assassinato de um dos sete filhos do relacionamento incestuoso, o advogado de Fritzl, Rudolf Mayer, considerou que “não houve assassinato” e pediu que Fritzl seja beneficiado por “circunstâncias atenuantes”, já que se declarou culpado de todas as acusações.

“Meu cliente foi responsável por seus atos, mas a personalidade dele tem anomalias psicológicas”, afirmou Mayer.

O veredicto será emitido por um júri no quarto dia do polêmico julgamento e cerca de 11 meses depois do caso ser revelado, em abril de 2008, quando umas da filhas, Kerstin, 19, teve convulsões e a mãe, Elisabeth, convenceu Fritzl a levá-la para um hospital.

Quando foi libertada no ano passado, Elisabeth disse que o pai a abusava sexualmente desde os 11 anos de idade. Ela foi sequestrada pelo austríaco aos 18 anos, quando ele a dopou e a trancou no cativeiro. Na época, Fritzl disse que queria livrá-la das drogas.

Os três juízes que conduzem o caso formularão aos oito membros do júri um questionário sobre cada um dos seis delitos de que Fritzl é acusado. Depois, o júri se retirará para deliberar e, já à tarde, emitirá o veredicto e ditará, junto aos juízes, a condenação correspondente, que pode variar entre um ano de reclusão e prisão perpétua.

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