Brasil é “vítima acidental” da crise global, diz Roubini

Para o economista turco-americano Nouriel Roubini, o Brasil é uma “vítima acidental” da crise econômica global, que ainda vai piorar, evoluindo para uma “recessão global severa”, segundo entrevista a Sérgio Malbergier, editor do caderno “Dinheiro” da Folha. Roubini ganhou a alcunha de “Mr. Doom” (Sr. Apocalipse) devido às previsões catastrofistas que vem fazendo.

O economista, que está em São Paulo para uma série de palestras, disse que o Brasil “está em condições muito melhores hoje”, mas que o país deve ter neste ano um crescimento próximo de zero ou, mais provavelmente, “ligeiramente negativo”.

Para Roubini, o Brasil não deveria apenas elevar seus gastos para combater a crise, mas ao mesmo tempo se comprometer com “reformas estruturais” para reduzir a burocracia, o custo da mão-de-obra e o peso dos impostos sobre a atividade econômica, além de melhorar a infraestrutura física.

“Resumindo seu receituário, Roubini recomenda mais gasto fiscal, ação mais agressiva no resgate aos bancos e dobrar os recursos do FMI para socorrer países emergentes”, diz o texto.

Na terça-feira (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a economia brasileira registrou no quarto trimestre do ano passado uma queda de 3,6% em relação ao terceiro trimestre, o maior recuo da série histórica do PIB (Produto Interno Bruto), iniciada em 1996 pelo instituto. Já em relação ao quarto trimestre de 2007, houve expansão de 1,3%.

No acumulado de 2008, o crescimento do PIB chegou a 5,1% em relação a 2007, sustentado pelo bom desempenho dos trimestres anteriores. Ao todo, a economia movimentou R$ 747,152 bilhões no quarto trimestre; no ano, o PIB em valores correntes foi de R$ 2,889 trilhões.

A gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, disse que o resultado foi puxado pela indústria e os investimentos. “Todos os setores tiveram desaceleração nos resultados no quarto trimestre, mas na indústria foi pior”, O PIB industrial recuou 7,4% entre o terceiro e o quarto trimestre, enquanto os investimentos caíram 9,8%.

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