Comparação de valores em contabilidade

Grande é a responsabilidade dos relatos e análises que um contabilista oferece, como informação gerencial, ou não, a terceiros.

Se o período de análise de fatos abrange a muitos anos, é preciso utilizar o recurso da “conversão” ou seja, a um mesmo padrão de expressão de valor.
Como as mudanças de padrões monetários no Brasil ocorreram diversas vezes, o entendimento fica difícil quando os anos a serem estudados são muitos.
De 1986 a 1993, nada menos que nove zeros foram cortados na expressão monetária dos valores contabilmente registrados.

A um estrangeiro que pela primeira vez tomasse contato com tal fato poderia parecer simplesmente absurda, ou, incompreensível tal ocorrência, pelo menos, antes que se inteirasse de todo esse pandemônio numérico.

As mudanças em 1986, relativas ao Cruzado (que entrara em vigor em 1970), com o corte de três zeros do Cruzeiro; em 1989 do Cruzado Novo, com o corte de três zeros do Cruzado; em 1990 com a adoção, novamente, do Cruzeiro e em 1993 do Real, com o corte de três zeros do Cruzeiro, oferecem bem uma idéia da desordem provocada pelos “planos econômicos” do Poder Público, com sérios reflexos na análise contábil comparativa.

Para um julgamento de evolução de valores em um período de 20 anos, por exemplo, é evidente que se torna necessário realizar uma “conversão” para obter-se a homogeneidade.

Não se podem comparar fatos heterogêneos.

Embora tudo seja moeda, tudo seja valor monetário, é preciso escolher um “padrão”, sem o que não se consegue concluir corretamente.

Desde que se quantifiquem fatos, é necessário possuir unidade comparativa.
Um recurso que em análise se permite e que utilizei quando fiz o estudo de 100 anos da vida patrimonial do Banco de Crédito Real, é o de percentuais, em cada ano.

Assim, por exemplo, quanto é a percentagem do capital em relação às vendas (para tomar um só exemplo), pode, ao longo do tempo, eliminar distorções de entendimentos, porque se emprega, neste caso, a unidade (compara-se na mesma moeda em uso na época), obtendo um juízo de “relações definidas”.

Fato é que, seja qual for a tarefa, ao oferecer opinião sobre a evolução patrimonial em longos períodos, necessário se faz saber escolher um critério que permita clareza e fidelidade de entendimento.

Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.

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