Caos Social e Informalidade

Autores:
Fernando Antônio Agra Santos
Doutor em Economia e Professor Universitário em Juiz de Fora
Francisco Romano
Estudante de administração de Empresas da Faculdade Estácio de Sá, Juiz de Fora-MG.

Todo país que se preza tem sua carta magna, a qual cuida do destino de sua nação. Na maioria dos casos, ela determina que seu povo tem direito a uma série de benefícios garantidos por lei.

O povo deve ter direito à habitação, morando em uma casa decente para melhorar a condição de vida; à educação, que não é igual ao nome que se diz, mas sim cultura, pois a verdadeira educação, o indivíduo recebe em sua casa, que é dada pelos pais. Já a cultura, adquire-se na escola. Assim, o povo não pode viver sem escolas públicas dignas, sem saúde em condições de pronto atendimento, sem segurança, entre outros itens básicos necessários à sobrevivência humana dos indivíduos que pagam seus impostos corretamente e o poder público tem por obrigação administrar de modo correto, pois foi pelo voto do próprio povo que os governantes foram eleitos e não ungidos para satisfazer seus interesses privados.

Tudo isso mencionado acima garantiria a igualdade, a fraternidade e a liberdade, onde as pessoas viveriam em plena harmonia. Mas infelizmente o que é real no mundo atual é que não se tem habitação, nem cultura e muito menos saúde, que já se deteriorou há bastante tempo (para onde está indo a arrecadação do CPMF, que era para salvar a saúde pública?). Só Deus é que pode nos salvar com sua bondade divina, pois a maioria dos seres humanos, contaminado pelo pecado do egoísmo, só visa seus próprios interesses em detrimento de uma nação.

Acerca do crescimento econômico, este não ocorre de modo sustentado há mais de duas décadas. E pior ainda, quando ocorre, é pífio e concentrado nas mãos de poucos. Isso é corroborado quando se observam os elevados índices de concentração de renda e riqueza nas mãos de poucos. Falta uma séria política de distribuição de renda no Brasil e não há autoridades corajosas o suficiente para enfrentar esse sistema corrupto endêmico que tomou conta do poder público e domina a sociedade junto com os fortes grupos econômicos. A política monetária com taxas de juros estratosféricas (a maior do mundo) inibe a demanda agregada e conseqüentemente as oportunidades de emprego são reduzidas, sobretudo as de carteira assinada, uma vez que se criaram muitos encargos sociais e tributações. Está-se chegando a um ponto que nem se trabalhando vinte e quatro horas por dia e trinta dias no mês não vai dar conta de pagar aos governos pela nossa existência. Porque os impostos elevados extorquem cada vez mais uma sofrida população. Assim, a informalidade passou a existir inversamente proporcional à medida que as pessoas iam se aposentando ou perdendo seus empregos, para garantirem a sua sobrevivência.

Com isso, as pessoas começaram a perder sua identidade, porque o salário que recebe não dá para cobrir as despesas existentes e aí só vai dar continuidade ao drama porque aqueles perderam o emprego, recebem o dinheiro da indenização e em pouco tempo acaba, se não tem casa própria atrasa o aluguel, o senhorio requer o despejo e indivíduo vai acabar levando sua família para a favela e quando não consegue acaba embaixo da ponte. Já não tem mais emprego e a pessoa acaba indo para a informalidade, que pode ser catador de papel, catador de latinha de refrigerante, camelô vendendo de muambas podendo ser oriundas de contrabando e até cigarro importado. Na informalidade, o bom é que você recebe todo dia na hora que encerra o expediente. Mas por outro lado, o cidadão deixa de fazer suas contribuições como o INSS e outros encargos sociais que poderiam beneficiá-los mais tarde na hora de aposentar.

Com isto, ele fica acostumado a receber pagamento diário ou até semanal e não vai querer voltar para sua profissão porque onde ele está o salário dele é muito maior do que onde ele trabalhava. Assim, como foi dito, deixa de garantir seus direitos trabalhistas e por conseqüência o próprio governo arrecada menos. Logo, são necessárias sérias reformas institucionais que venham dar um fim no atual sistema, distribuir renda, diminuir impostos e a taxa de juros, tornar o ambiente macroeconômico favorável para que a classe empresarial possa voltar a investir no setor produtivo da economia, gerando renda e emprego e melhorando a situação da economia. Pena que as reformas que estão em andamentos trazem dúvidas quanto à sua eficácia no que tange a melhorar a qualidade de vida no País. Com esse caos generalizado pode-se chegar a um ponto em que as classes mais sofridas vêm a promover uma revolução social. Aí vai ser derramado muito sangue.

Autor: Fernando Antônio Agra Santos
Contato: fagra@viannajr.com.br
Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa, Economista pela Universidade Federal de Alagoas, Consultor Econômico e Professor Universitário em Juiz de Fora – MG.

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