Área do antigo Lixão do Morumbi oferece risco às construções

As moradias da região onde há pouco mais de 15 anos funcionava o Lixão do Morumbi – no cruzamento das avenidas Tamandaré e Euler de Azevedo – correm risco semelhante ao registrado na zona norte da cidade de São Paulo, segundo o engenheiro civil e mestre em meio ambiente, Marcus Menezes Silveira. Na capital paulista, um shopping foi interditado por dois dias e moradores de um condomínio foram obrigados a se mudar devido a alta concentração de gás metano e risco de explosão. O motivo: as construções foram erguidas em área onde anteriormente era feito o depósito de lixo orgânico.

Até o momento não foram registrados problemas na área do antigo Lixão do Morumbi, em Campo Grande, mas segundo o engenheiro Marcus Menezes, “não há controle por parte do Poder Público sobre a emissão do gás e nem mesmo sobre a decomposição da matéria orgânica que fez parte do cenário do local”. Moradores e funcionários que trabalham na região, no entanto, afirmam que o local é seguro (veja matéria nesta página).

O especialista explica que a construção de empreendimentos em áreas antes usadas como lixão ou aterro de entulhos é sempre “arriscada” e exatamente por isso, deve ter cuidados redobrados na hora de ser erguida. “Como engenheiro, meu primeiro passo em um local como esse seria a instalação de drenos para que o gás metano não se acumulasse no subsolo, o que evita o risco de explosão”, explica. O metano (CH4) é um gás altamente poluente e inflamável. Ele é produzido a partir da decomposição de matéria orgânica e é 25 vezes mais danoso à camada de ozônio que o gás carbônico (CO2).

Monitoramento

Marcus Vinicius destaca a necessidade de monitoramento nessa e outras áreas que já foram usadas como centros de recebimento de lixo em Campo Grande, a exemplo do que ocorre em São Paulo. “A única maneira de evitar riscos é o monitoramento constante, tem que ficar de olho. Em São Paulo existe a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que faz esse controle”, diz o engenheiro. Esse monitoramento consiste na medição constante da emissão do gás, caso ela ocorra. “Não conheço o solo da região nem fiz estudos ali, mas como já houve uso do espaço para colocação de lixo orgânico, esse monitoramento é fundamental importância”, afirma.

Outros cuidados necessários em regiões como a do Lixão do Morumbi são o aterramento correto, a análise de solo e a fundação. “Para aterrar é preciso compactar o lixo, com uma camada de lixo e outra de terra. É preciso fazer a sondagem para conhecer se o solo suporta a fundação e ainda fazer a estabilização através do estaqueamento”, diz Marcus Vinicius. No caso de o espaço ter sido usado como aterro de entulho, o cuidado é com a contaminação através de resíduos de metais pesados, como o chumbo, utilizado nas tintas.

Outros locais

Segundo o engenheiro Marcus Vinicius, outros locais em Campo Grande que já foram usados como lixão: na saída para Cuiabá, no bairro Nova Lima e uma área no Jardim Itamaracá. Além do risco de acúmulo de gás metano, ainda existe a possibilidade de ocorrência de fissuras, rachaduras e até mesmo a perda de estabilidade da fundação caso esses cuidados não sejam tomados. “Até hoje isso não ocorreu em Campo Grande, mas é importante acompanhar esses locais”, afirma.

Procurada pela reportagem do Correio do Estado para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da prefeitura da Capital respondeu que não existem dados sobre os antigos lixões da cidade, nem quantos foram desativados. Sobre o Lixão do Morumbi, a informação é de que o espaço nunca foi um lixão “oficial” e portanto, não haveria ninguém que pudesse passar informações sobre a região e seu antigo uso.

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