MS é a nova rota do tráfico da maconha que abastece Manaus

Mato Grosso do Sul vem sendo apontado como uma nova rota para o abastecimento da maconha consumida em Manaus. A rentabilidade proporcionada pelo alto custo, aliada à escassez da droga na região Nordeste do País, que até então supria o mercado consumidor do Amazonas e de outros estados da região, é mencionada como responsável pelo aumento da procura da maconha produzida no Paraguai e que entra no Brasil, via Mato Grosso do Sul.

Somente na manhã de ontem, no Aeroporto Internacional de Campo Grande, agentes da Polícia Federal interceptaram duas remessas da droga que seguiam para Manaus.

O delegado Leandro Almada, da Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), da Polícia Federal em Manaus, revelou ontem que também aumentou naquela capital o volume de apreensões de maconha procedente do Paraguai, saindo do Brasil pelo Mato Grosso do Sul.

Ele atribui esse quadro, entre outros fatores, ao preço médio praticado na comercialização droga naquele Estado. Segundo os seus esclarecimentos, hoje, cada quilo do produto é vendido a R$ 2 mil, enquanto que em Fortaleza, por exemplo, está na faixa de R$ 700. Cada quilo é vendido pelo produtor do Nordeste para o atravessador por valores que giram em torno de R$ 200 a R$ 300. Na região metropolitana de Recife (PE), o quilo é revendido por cerca de R$ 800.

Ainda conforme observou Leandro Almada, apesar da grande distância entre Mato Grosso do Sul e Manaus, que exige do narcotráfico uma logística mais complexa, traficantes estão preferindo arriscar-se na obtenção da maconha do Paraguai, onde é vendida a preços que oscilam de R$ 40 a R$ 70, dependendo da qualidade e mesmo do fornecedor.

Para cobrir essa nova rota, muitos traficantes utilizam-se das chamadas “mulas” (transportadores), que fazem viagens aéreas na tentativa de a droga paraguaia chegar a Manaus. Difícil de se ver no caso de tráfico de maconha e comum no tráfico de cocaína, hoje estão se tornando mais frequentes as prisões dessas “mulas” no aeroporto de Campo Grande.

Escassez

Já a assessoria da Superintendência Regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul confirma o aumento das apreensões de maconha que tinha como destino Manaus e avalia que esse fato também está vinculado à escassez do produto no Amazonas e estados vizinhos.

De acordo com a PF, sabidamente, o Amazonas, particularmente Manaus, é mercado consumidor da maconha produzida no Nordeste, onde está o chamado “polígono da maconha”, com destaque de plantio para o Pernambuco, com pelo menos sete cidades próximas da divisa com o Estado da Bahia.

A Federal tem feito incursões periódicas na região, combatendo o plantio nessa área de cultivo e o tráfico do produto. Ontem, por exemplo, uma operação das polícias Civil e Militar nas zonas rurais de Jussara e Irecê (BA), 480 quilômetros a oeste de Salvador, resultou na apreensão e destruição de cerca de quatro toneladas de maconha, em três sítios da região, onde a droga teria sido plantada. Cinco pessoas, entre elas dois dos proprietários das terras, foram presos em flagrante e autuados por tráfico de drogas e associação ao tráfico.

A Polícia Federal estima que o aumento na repressão já reduziu em mais de 40% o volume do replantio na região do Nordeste.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


Você está prestes a ser direcionado à página
Deseja realmente prosseguir?