Marcinho VP esteve no Rio para audiência no 3º Tribunal do Júri

O traficante Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, compareceu hoje, dia 5, ao Fórum Central do Rio para audiência de instrução e julgamento do processo que apura a morte do tenente coronel PM José Roberto do Amaral Lourenço, diretor do presídio de segurança máxima Bangu 3. Ele foi executado de surpresa, com mais de 35 tiros, na manhã do dia 16 de outubro de 2008, no km 25 da Avenida Brasil, na altura de Deodoro, Zona Oeste do Rio. O tenente coronel, de 41 anos, seguia para o trabalho. A audiência foi realizada pelo juiz Sidney Rosa, titular do 3º Tribunal do Júri da capital.

Segundo denúncia do Ministério Público do Rio, Marcinho VP, chefe da facção criminosa Comando Vermelho, teria sido um dos mentores da morte do tenente coronel, juntamente com Adair Marlon Duarte e Ronaldo Pinto Lima Silva. O objetivo do grupo, ainda de acordo com o MP, era vingança, uma vez que a vítima vinha adotando um regime disciplinar rígido na unidade prisional. José Roberto do Amaral teria sido alvejado por Luiz Cláudio Serrat Corrêa, o Cláudio CL, Lúcio Mauro Carneiro dos Passos, Fabiano Atanásio da Silva e Ricardo Severo, também réus no processo. Outro acusado é Esteves Gouveia Barreto,o Rosinha, que teria participado do crime fornecendo aos demais envolvidos o endereço residencial e o trajeto da vítima de casa até o presídio. Preso um mês após o fato, ele disse que o crime teria sido praticado pelo Comando Vermelho.

Além de Marcinho VP, que está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, estiveram presentes à audiência Ronaldo Pinto Lima, O Ronaldinho Tabajara, e Adair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, presos na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso Sul, e Esteves Gouveia Barreto, preso em Bangu 2. Eles ouviram os depoimentos de oito testemunhas, sendo apenas uma de defesa. Em seguida, os réus foram interrogados pelo juiz Sidney Rosa. Eles negaram a participação no homicídio. Um forte esquema de segurança foi montado no plenário do 3º Tribunal do Júri para garantir a realização da audiência. Familiares e amigos dos réus lotaram o corredor do Fórum, mas por ordem do juiz, não puderam acompanhar os depoimentos.

As testemunhas confirmaram o que haviam dito em sede policial. Elas contaram que José Roberto Amaral tinha à sua disposição um carro blindado, que foi retirado posteriormente pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

Testemunhas disseram também que houve um desentendimento entre a vitima e Patrícia Lima de Azevedo, mulher do preso Beto Careca. Condenada por tráfico de drogas e associação para o tráfico e ex-detenta do presídio Talavera Bruce, Patrícia Lima teria desacatado o tenente coronel, sendo conduzida à força à delegacia de polícia. Inconformada com o ocorrido, ela teria dito que “isso não ficaria assim”. Os depoentes confirmaram também que denúncias anônimas teriam apontado como autores do crime integrantes da máfia das quentinhas.

Eles contaram ainda que o diretor de Bangu 3 realizava constantes apreensões de drogas na unidade e comunicava o fato à Vara de Execuções Penais (VEP) do Rio. Em virtude disso, benefícios que seriam concedidos eram suspensos. Interceptações telefônicas teriam registrado uma grande movimentação entre os integrantes da quadrilha de Claudinho CL, um dia antes do crime. Imagens do homicídio, captadas por câmeras de uma unidade do quartel do Exército, a dois quilômetros do local, também serviram de base para a denúncia. Ainda de acordo com as testemunhas, após o crime, houve queima de fogos em diversas comunidades dominadas pelo Comando Vermelho.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


Você está prestes a ser direcionado à página
Deseja realmente prosseguir?