26 DE AGOSTO – ANIVERSÁRIO DE CAMPO GRANDE-MS.

Com a resolução 225 de 26 de agosto de 1899 o Governo de Mato Grosso criava o município de Campo Grande, separando-o definitivamente de Nioaque no qual vinha vinculado havia muitos anos.


Carros de bois cortavam as principais ruas centrais de Campo Grande, como a Rua 14 de Julho, Av. Afonso Pena, Av. Calógeras, entre outras, levando e trazendo mercadorias.


Segundo o brilhante historiador campo-grandense e autor do memorável livro “Campo Grande de Outrora” – Valério de Almeida -, a data de 26 de agosto não é a data da fundação de Campo Grande, mas sim a da criação do município de Campo Grande.


Viajemos pelos idos de 1.899 pegando uma carona no inesquecível livro Campo Grande de Outrora nas páginas 23-24-25:


“A ELEVAÇÃO DE CAMPO GRANDE À CATEGORIA DE CIDADE


Em 1918, pela dualidade de poderes verificada em consequência das eleições consideradas ganhas pelos dois partidos dominantes, assumiu as rédeas de intendente-interventor, nomeado pelo então presidente D. Francisco de Aquino Corrêa, Rosário Congro, cujo cargo desempenhou a contento de todos os municípios.


Vivia a vila de Campo Grande ainda os seus remansosos dias sonolenta, tal a crisálida aguardando o momento propício de abandonar o casulo e voar para outros destinos.


Por essa época o espaço que hoje é o nosso belo jardim se destinava a cancha* de futebol, coberto de barba-de-bode, cercada com postes quadrados de aroeira, pintados de brancos e vermelho, com cinco fios de arame lisos bem esticados.


Bem no centro, onde se ergue o coreto       , abria os braços uma alta cruz acinzentada pelo tempo, designando o velho cemitério que fora instalado em 1.888, por iniciativa de Joaquim Vieira de Almeida, conforme documento existente na Biblioteca Pública.


Rosário Congro vinha de Corumbá, onde Eugênio Cunha realizava vultosos melhoramentos, e, cheio de entusiasmo, tudo fazia para dar à vila que crescia a olhos visto, abarrotada de imigrantes que vinham de S. Paulo e outros centros, atraídos pela fama do Oeste recém-devassado pelos trilhos da Itapura – Corumbá, mais tarde Noroeste do Brasil.


No Decorrer dessa faina cheia de iniciativas e esperanças que o presidente D. Aquino houve por bem elevar a vila à categoria de cidade. E, pois, a 16 de julho de 1918, pela lei nº 772, era Campo Grande considerada cidade para integrar o convívio de suas irmãs mais velhas. A comemoração de tal evento só foi possível a 26 de agosto do mesmo ano, data em que o município comemorava o seu 19º aniversário de independência econômica e administrativa.


26 de agosto, data que a maioria da população acredita ser a fundação da cidade, muito pelo contrário, caracteriza a vida independente do município. É que pela Resolução nº 225, de 26 de agosto de 1899, o governo de Mato Grosso criava o município de Campo Grande, separando-o definitivamente do de Nioaque ao qual vinha vinculado há muitos anos.


Desejando colaborar o quanto possível para o esclarecimento da coletividade e de todos os que de boa vontade nos lêem, frisamos que a data de 26 de agosto não é a da fundação da cidade, mas, sim, a da criação do município.


A juventude escolar, principalmente, dirijo esta ressalva para evitar os erros que vêm-se perpetrando desde há muito pelos que se guindam a historiadores destas plagas.


José Antônio Pereira, e seis descendentes aqui chegaram no friorento mês de junho de 1872, era em que estabeleceram as bases do arraial de Santo Antônio de Campo Grande.


Os festejos decorrentes da elevação da vila à cidade foram deveras significativos e tiveram a participação de todos os habitantes locais, com a cooperação das autoridade, inclusive um desfile de tropas federais já aqui aquarteladas, achando-se entre elas o 54º Batalhão de caçadores que viera prestar serviço durante a rumorosa intervenção Camilo Soares.


No recinto do largo, armou-se um palanque para as autoridades e pessoas gradas, falando inúmeros oradores, servindo-se depois um lauto churrasco que decorreu sob a mais viva satisfação e durante o qual reinou a mais cordial solidariedade. Havia brilho de alegria nos olhos de todos.


No edifício da prefeitura houve uma sessão cívica com casa repleta, inaugurando-se diversos retratos de políticos em evidência, tais como o do senador Antônio Azeredo e o de Pinheiro Machado. Pinheiro Machado havia falecido a 8 de setembro de 1915.


O intendente baixou uma resolução denominando Presidente Dom Aquino a rua que conserva até hoje o seu nome e é uma das principais da cidade.


Elevada ao nível de cidade, Campo Grande, que já vinha sendo um dos grandes centros comerciais do Estado, crescia a olhos visto, mesmo porque a pecuária, com a guerra iniciada em 1914, atingira o auge, chegando o boi ao preço de Cr$¹ 600,00, até então nuca vendido pelo fazendeiro.


Nadava a neófita cidade em águas de roda correndo dinheiro graúdo e à grande por toda a parte. As construções sem plano ainda preestabelecido surgiram a trouxe-mouxe, formando a maior célula de progresso de Mato Grosso, com fama jamais espalhada em todo o Oeste brasileiro.


Irmanaram-se de forma incrível Diabo, Mundo e Carne, cuja sociedade marchou em crescendo pelo tempo afora, atingindo 1926, ano em que o Dr. Quirino de Araújo, então chefe de polícia do primeiro governo Mário Corrêa, executou, com carta branca, larga profilaxia nos costumes da cidade.


Os grandes estabelecimentos fabris e comerciais da capital bandeirante vendiam cerca de 20.000 contos anuais. Havia, pela situação privilegiado do município, em pleno chapadão verde do Amambaí, o determinismo histórico do seu furioso desenvolvimento material, só concebível às cidades paulistas influenciadas pela cultura do café.


Esse desenvolvimento material de Campo Grande não sofreu falta de continuidade e ainda perdurará por muito tempo, de vez que nós somos o empório de 18 municípios meridionais do Estado.


A cidade auspiciosamente criada em 16 de julho de 1918 escolheu para a sua morada a zona que Euclides da Cunha classificou batida pelos pampeiros do sul, assenta sôbre uma plataforma de grés ferruginoso, daí sua vestimenta eterna de uma poeira vermelha impalpável, que aponta, esteja onde estiver, seja quem for, a roupa e a bagagem de quem daqui se atira em demanda de outras plagas ou latitudes.


¹ Cr$ – Símbolo do Cruzeiro, moeda vigente à época”


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Valério de Almeida (16/11/1889 – 16/05/1971), Contabilista e Jornalista, como jornalista cooperou com O Jornal do Comércio de Campo Grande – O Combate, Revista Folha da Serra, A Tribuna de Corumbá, O Momento de Corumbá e outros jornais do então estado de Mato Grosso. Participou da Fundação do Rádio Clube de Campo Grande, da Fundação da liga de Esporte de Campo Grande, da Fundação da Associação Comercial de Campo Grande, Fundação da Maçonaria de Campo Grande. Foi um campo-grandense admirador de sua terra, não deixou, em toda sua existência, de escrever sobre sua história, suas belezas e suas riquezas. Até hoje é lembrado na imprensa local e em alguns jornais.

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26 de Agosto Aniversário de Campo Grande-MS

INFORMAMOS QUE POR SER FERIADO EM CAMPO GRANDE-MS, CIDADE NA QUAL FICA SEDIADA A MATRIZ DA EMPRESA SEDEP, O EXPEDIENTE SERÁ SUSPENSO APENAS NESSE DIA, RETORNANDO AO NORMAL NA QUARTA-FEIRA DIA 27/08/2008.

A SEDEP PARABENIZA CAMPO GRANDE, A CAPITAL MORENA, POR MAIS UM ANIVERSÁRIO!!!

EQUIPE SEDEP.

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