Promotora de Justiça afirma ter provas contra o cunhado de Marielly

A representante do Ministério Público Estadual (MPE) na vara criminal de Sidrolândia, promotora de Justiça Paula Volpe, garantiu ontem que existem muitas provas contra Hugleice da Silva, cunhado de Marielly Barbosa Rodrigues, bem como contra o bacharel em enfermagem Jodimar Ximenes Gomes, ambos suspeitos no malsucedido aborto que causou a morte da garota. Apesar de os dois negarem categoricamente qualquer participação, o MPE sustenta que existem testemunhas que desmentem a suposta inocência dos investigados.

“São vários indícios diferentes”, afirmou a promotora, sem revelar detalhes das provas existentes. Ela justificou que o caso está sendo tratado em segredo de Justiça e por essa razão não pode dizer quais são esses fortes indícios que incriminam os investigados.

Caso extraconjugal

Com relação aos mandados de prisão expedidos na última terça-feira contra os suspeitos, ela justificou que o MPE foi favorável a solicitação do adjunto da Delegacia Especializada em Homicídios, Fabiano Nagata, para que os acusados não atrapalhem o andamento das investigações.

“É muito comum a testemunha ficar mais a vontade quando o réu está preso. O réu solto atrapalha”, justificou, explicando que a expectativa é de que a partir de agora mais pessoas falem sobre o que sabem com relação a este caso.

Paula Volpe esclareceu, ainda, que foi decretada apenas prisão temporária porque o processo está em fase de investigação e a polícia ainda está apurando os fatos. “Para pedir a prisão preventiva seria necessário ter outros requisitos”, resumiu.

Crime

De acordo com a promotora de Justiça, uma das principais questões a serem esclarecidas é quanto a classificação do crime praticado contra a estudante Marielly. “Para nós a grande dúvida é qual foi o tipo de delito. Também tem o modus operandi e qual o tipo de participação de cada um. Quando ela começou a abortar? Quando teve o aborto? Tentaram socorrê-la?”, questionou.

A representante do Ministério Público disse ainda que o episódio poderá ser classificado como aborto que resultou em morte ou homicídio. Será avaliado se a finalidade dos envolvidos era matar a jovem ou se a morte foi apenas resultado da prática abortiva. “Nós estamos acompanhando as investigações, dando pareceres e aguardando o inquérito ser relatado para oferecer a denuncia”, finalizou a promotora Paula Volpe.

Apresentação

O gerente administrativo Hugleice da Silva, 25, cunhado da estudante Marielly, encontrada morta em Sidrolândia em junho, apresentou-se ontem à polícia para cumprimento de mandado de prisão temporária. Ele é suspeito de estar envolvido na morte da jovem e ficará custodiado por 30 dias na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (Derf), em Campo Grande. Há outro suspeito de participação no caso, o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, 40, que se apresentou às autoridades policiais na quarta-feira, mas em Sidrolândia. Este teria realizado o aborto malsucedido que culminou na morte de Marielly.

A participação de Hugleice seria o envolvimento extraconjugal entre ele e a vítima, com possíveis ligações com o aborto. O gerente é casado com a irmã de Marielly há sete anos. A suspeita é de que ele engravidou a jovem e a encaminhou para uma clínica clandestina de aborto. Laudos periciais do cadáver de Marielly, encontrado em avançado estado de decomposição – quase 20 dias após seu desaparecimento – apontaram que a provável causa da morte foi hemorragia.

Questionado sobre a relevância da prisão de Hugleice, seu advogado, José Roberto Rodrigues da Rosa, disse que ele estará à disposição das autoridades policiais para esclarecimentos e acareações com outras pessoas. “A prisão se justifica pelo fato de haverem informações de que ele (Hugleice) foi visto em Sidrolândia no dia em que Marielly desapareceu e por conta das várias ligações do telefone dele para ela. O delegado quer mais esclarecimentos sobre isso”, informou o advogado.

Ontem, no início da tarde, o investigado foi levado para fazer exame de corpo delito no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol). Esse exame é uma prática corriqueira feita para comprovar se a pessoa apresenta ou não lesões pelo corpo no momento de sua prisão. O exame serve também de cautela para a autoridade policial.

Ligação de Sidrolândia

Uma das fortes contribuições para o pedido de prisão preventiva de Hugleice é de que Marielly ligou para ele na data em que desapareceu, mas à noite, de Sidrolândia. A ligação foi revelada pela quebra de sigilo telefônico da estudante. Ela foi vista pela última vez, segundo a família, durante a tarde.

O cunhado defende-se dizendo que ela teria ligado para ele para “perguntar sobre a mãe e a irmã”, nas palavras do advogado. No entanto, as desconfianças pairam em relação à ligação por conta de a mãe e a irmã também terem celular e, consequentemente o telefonema de Marielly poderia ter sido realizado diretamente para elas.

A mãe de Marielly, a irmã e Hugleice estão juntos, na mesma casa, desde que o corpo da jovem foi encontrado. Primeiro, a família deslocou-se para Alto Taquari (MT) onde a garota foi enterrada e permaneceu por lá até o início dessa semana quando retornou a Campo Grande. Os três mudaram-se do prédio no Jardim Petrópolis juntos e permaneceram no mesmo endereço até Hugleice se entregar à polícia ontem.

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