Entre os quase 50 presos até agora pela Polícia Federal na Operação Pasárgada está um funcionário da presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, servidores da secretaria do tribunal e um juiz federal de Minas Gerais. A operação investiga liberação irregular de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
De acordo com a PF, a ação deflagrada nesta quarta-feira (9/4) teve a participação de 500 policiais federais para cumprir 100 mandados de busca e apreensão e 50 de prisão em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal. Ainda segundo informações da Polícia, o esquema de desvio de dinheiro público gerou prejuízo de R$ 200 milhões ao erário. Também foram presos 14 prefeitos.
Um advogado que leu peças do inquérito e teve acesso às transcrições de gravações feitas pela PF afirma acreditar que a presidência do TRF-1 não participava no suposto esquema de liberação irregular de recursos públicos. Para o advogado, fica claro nas transcrições que uma servidora do tribunal usava o nome do funcionário da presidência para conferir legitimidade às suas promessas de benefícios.
Segundo as investigações da Polícia Federal, o esquema consistia em repassar a verba do FPM a municípios em débito com o INSS a partir de decisões judiciais negociadas. Ainda de acordo com a PF, os prefeitos contratavam, sem licitação, um escritório de advocacia que oferecia indevidas vantagens a juízes e servidores da Justiça para obter decisões favoráveis e posteriormente repartia seus honorários com os prefeitos que o contratava.
Os suspeitos, conforme a PF, poderão responder pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa, exploração de prestígio, fraude a licitação e quebra de sigilo de dados.
O Fundo de Participação dos Municípios é composto por parte da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. A distribuição dessa verba é executada de acordo com o número de habitantes dos municípios. São fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um coeficiente individual.
O mínimo é de 0,6 para municípios com até 10.188 habitantes, e o máximo é 4,0 para aqueles acima de 170 mil. Mais de quatro mil municípios têm o FPM como principal fonte de receita. No ano passado, o Congresso aprovou um aumento de um ponto porcentual do FPM. Segundo a proposta de Emenda Constitucional, o valor subiu de 22,5% para 23,5% da arrecadação total do IR e IPI.
Veja a lista de cidades investigadas e prefeitos presos divulgada pela Folha Online
— Almenara (MG), Carlos Luis de Novaes (PDT)
— Cachoeira da Prata (MG), José Eustáquio Ribeiro Pinto (DEM)
— Conselheiro Lafaiete (MG), Júlio César de Almeida Barros (PT)
— Timóteo (MG), Geraldo Nascimento de Oliveira (PT)
— Divinópolis (MG), Demetrius Pereira (PTB)
— Ervália (MG), Edson Said Rezende (DEM)
— Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani (PTB)
— Rubim (MG), Claudemir Carter (PT do B)
— Vespasiano (MG), Ademar José da Silva (PSDB)
— Salto da Divisa (MG), José Eduardo Peixoto (PSDB)
— Minas Nova (MG), José Henrique Gomes Xavier (PR)
— Medina (MG), Walter Tanure Filho (DEM)
— Tapira (MG), Jeremias Venâncio (PTB)
— Sobradinho (BA), Antonio Gilberto Souza (PR)
— Itabela (BA), Paulo Ernesto Peçanha da Silva (PR)
Revista Consultor Jurídico