Ação de danos morais de correntista contra banco por cobrança de débito inexistente

Cassio Wasser Gonçalves
Advogado
OAB/SP 155.926 – IDEC Nº 38.338
Rua Apucarana, 1027 – Tatuapé – 03311-001 – São Paulo – SP
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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO

??????, brasileiro, casado, comerciante, ????, residente e domiciliado, nesta Capital, na Rua ?????????, por seus advogados, infra assinados, com o devido respeito e acatamento, vem à presença de V.Exa. para, nos termos do art. 5º, V e X, da Constituição Federal, art. 159 do Código Civil, e art. 4º do Código de Processo Civil, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, contra o BANCO ?????, estabelecido, nesta Capital, na Rua ????, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO

I – A autora era titular da conta corrente nº ??? e, no mês de janeiro, a autora foi informada pelo banco sobre a existência de débito em sua conta corrente, que excedia o limite da conta, que era de R$ 1.500,00.

II – Prontamente, a autora, acompanhada de uma testemunha, compareceu ao banco-réu, no dia 26 de janeiro de 1998, com o propósito de pagar o que fosse devido e encerrar sua conta corrente naquele banco. Lá chegando, foi atendida e lhe calcularam o débito.

III – De posse do montante do débito, a autora realizou o devido pagamento, mediante depósito bancário em conta corrente da quantia de R$ 1.552,55, conforme o comprovante de depósito, sob nº 0014217, controle 01421700420018 (cópia em anexo) sendo então informada de nada mais dever ao referido banco. Mas nenhum termo de quitação foi-lhe entregue pois, como informaram, o banco-réu não fornecia tal documento, pois valeriam os depósitos bancários que, somados à missiva manuscrita pela autora (cópia em anexo), serviriam como instrumento de quitação e encerramento da conta corrente. E isto está demonstrado no extrato de conta corrente nº 0010, do período de 03/01/98 a 02/02/98, também em anexo.

IV – Porém, novamente o banco-réu contatou a autora, agora informando-lhe de novo débito em conta corrente e da existência de dois contratos de empréstimo, de nºs 000055010690961 e 000055092345546. Por este motivo, a autora retornou ao banco-réu no dia 12 de fevereiro de 1998, desta vez acompanhada de seu advogado, e foi atendida pela gerente Sra. Mirella M. Aocharotas, que de novo lhe calculou o montante do débito mais o valor para quitação dos contratos. Novamente pagou, mediante depósito bancário em conta corrente da quantia de R$ 500,00, conforme o comprovante de depósito, sob nº 0504094, controle 50409400420018 (cópia em anexo), mais o pagamento dos contratos, mediante os boletos emitidos pela referida gerente do banco-réu, de nºs 000055010690961 e 000055092345546, cujas cópias também estão em anexo, e como comprova o extrato de conta corrente nº 0011, do período de 03/02/98 a 02/03/98, cuja cópia está anexa.

V – E, a fim de explicar e comprovar o efetivo pagamento, a autora deveria pagar o seguinte: com relação ao contrato nº000055010690961, faltavam mais duas parcelas que se venceriam em 10/03/98 e 10/04/98, cada uma de R$ 133,71, totalizando R$ 267,42, dos quais foram abatidos R$ 6,51, pelo pagamento antecipado, resultando os R$ 260,91 pagos. E da mesma forma, no contrato nº 000055092345546, faltavam três parcelas que se venceriam em 10/03/98, 10/04/98 e 10/05/98, cada uma de R$ 48,00, totalizando R$ 144,00, cujo pagamento teve o abatimento de R$ 3,99, resultando nos R$ 140,01 pagos.

VI – Nesse dia também não lhe foi entregue nenhuma quitação, apesar de reclamada pela autora e seu patrono, sendo novamente informada de que bastaria uma nova carta de próprio punho pedindo o encerramento da conta (cópia da carta protocolada em anexo) acompanhada dos comprovantes de depósito e pagamento dos contratos para encerrar sua relação com o banco. E anote-se que na referida carta a autora fez menção ao pagamento dos contratos em questão.

VII – Entretanto, mesmo satisfeitas todas as exigências do banco e tendo pagado tudo quanto fosse devido, a autora não teve sossego porque agentes cobradores passaram a ligar várias vezes, ora para sua residência, ora para seu trabalho, cobrando-lhe justamente as parcelas dos contratos. E chegaram ao cúmulo de enviar-lhe uma carta registrada na qual constavam boletos de parcelas dos contratos anteriormente liquidados, que foram anexados aos autos da notificação judicial, em anexo.

VIII – E como já não aguentava mais atender e justificar-se a esses agentes cobradores, que injusta e ilegalmente lhe exigiam uma dívida que já estava paga, a autora então moveu AÇÃO DE NOTIFICAÇÃO JUDICIAL contra o banco-réu, ação esta protocolada em ???, processo nº ???, que tramitou perante a MM. ???ª Vara Cível do Foro Central, pela qual exigiu providências do banco no sentido de que constatasse pelos recibos e demais documentos que os pagamentos haviam sido feitos e que por isso regularizasse seu banco de dados e terminasse definitivamente com aquela cobrança. E em 13 de agosto de 1998 o banco foi devidamente citado, na pessoa de seu representante legal, Sr. Carlos Augusto, conforme certificou o Sr. Oficial de justiça, conforme cópias em anexo.

IX – Mas nada disso adiantou, posto que em 13/11/98, 14/11/98 e 16/11/98 o banco levou os referidos contratos para negativação junto ao sistema SERASA e SERVIÇO CENTRAL DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, como comprovam as cópias das cartas dos referidos órgãos e como prova a pesquisa SEGAM feita no dia 23/11/98, via Internet, e no dia 25/11/98, via fax, junto à Associação Comercial de São Paulo, onde estão relacionados os registros junto ao SCPC, com especificação do nº dos contratos, os respectivos valores e datas de negativação.

X – Em decorrência dos protestos indevidos, e com amparo no art. 798 do Código de Processo Civil, a autora interpôs, em 25/11/98, AÇÃO CAUTELAR INOMINADA COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR DE SUSTAÇÃO DE NEGATIVAÇÃO, processo nº ???, em trâmite perante o Juízo da MM. ???ª Vara Cível do Foro Central, cuja liminar foi deferida, restando citado o banco-réu, na pessoa de seu representante legal, para que em 48 horas sustasse as negativações junto ao SERASA e SCPC, conforme cópias em anexo.

XI – Todavia, nem mesmo a ordem judicial foi suficiente para coibir a cobrança de dívida paga, posto que no dia 02/12/98 a autora recebeu uma ligação da empresa ???/ COBRANÇA S/C LTDA, situada na Rua ???, na pessoa do funcionário Sr. ???, que se identificando como prestador de serviço contratado pelo banco-réu, cobrou-lhe (de novo !!!) o pagamento dos mesmos contratos. A autora, então, disse-lhe que já não aguentava mais, que era absurdo, que havia pagado, que havia notificado etc. etc. etc., e lhe pediu que procurasse pela gerente Mirella, do banco-réu, e terminasse com aquele inferno.

XII – Desesperada e sem saber o que fazer, a autora avisou seu patrono do acontecido. Este, por sua vez, ligou para a empresa e falou diretamente com o funcionário, cuja síntese da conversa consistiu em seu pedido de que não mais molestassem a autora, e de que, através do banco-réu, encerrassem definitivamente a cobrança e regularizassem seu banco de dados, já que estava tudo pago. E, naquela oportunidade, o funcionário Giovani garantiu que estaria tudo regularizado.

XIII – Mas, nem mesmo ligando e explicando o ocorrido, o banco-réu, por intermédio da referida empresa, deixou de molestar a autora, posto que enviou uma carta de cobrança (em anexo), só que dessa vez para seu endereço comercial. Como essa carta vinha sem especificar o andar nem a sala em que trabalhava a autora, a carta acabou circulando pela empresa até encontrá-la. E ao receber a carta, a autora mais uma vez sentiu o amargo sabor do vexame, do desgosto e do desespero de ver que, agora, até seus colegas de trabalho estariam a imaginar que ela é “caloteira” e “mau pagadora”, já que não faltaram curiosos e indiretas. E isso não pode passar “em brancas nuvens”.

XIV – Diante do exposto, a fim de esclarecer definitivamente a terminar com a incerteza que paira sobre a relação jurídica acima detalhada, a autora requer, nos termos do art. 4º, I, do Código de Processo Civil, seja declarada a inexistência de débito junto ao banco-réu, para nunca mais ter de sofrer com isso, já que o próprio banco recusou-se a fornecer a devida quitação.

DO DANO MORAL

XV – Em resumo, a autora, mesmo tendo pagado antecipadamente sua dívida em fevereiro deste ano, sofreu e vem sofrendo sérios danos à sua honra, pois teve seu nome indevidamente negativado perante os sistemas SERASA e SCPC, e nunca teve sossego, pois agentes cobradores vêm lhe importunando por longos 10 (dez) meses. E não adiantou justificar-se a todos que a cobravam, pois sempre era incomodada de novo, tanto em casa como no trabalho. Também não adiantou notificar judicialmente o banco-réu, na esperança de ver preservados seu nome e sua reputação; mesmo assim foi injusta e ilegalmente punida com a inscrição de seu nome no rol dos “caloteiros” e “mau pagadores”. Foi forçada, ainda, a socorrer-se no Judiciário, por meio da ação cautelar de sustação de negativação, na esperança de livrar-se do banco-réu. Mas nem assim obteve paz de espírito, pois continuaram as cobranças, até hoje.

XVI – Em consequência de todas essas atribulações, a autora sofreu e muito mesmo, posto que não conseguia trabalhar nem dormir sossegada, chorava etc., só de saber que seu nome foi para o SERASA e SCPC. E ficou indignada com o menosprezo com que lhe tratou o banco-réu. Sentiu-se em situação vexaminosa, ridícula.
XVII – E todo esse transtorno se deve à negligência e ao erro grosseiro do banco-réu que, em detrimento à pessoa da autora, tolheu-lhe o crédito e manchou sua honra com as ilegais negativações junto aos sistemas SERASA e SCPC e as contínuas e sucessivas cobranças de dívida paga, mesmo depois da liminar de sustação da negativação.

XVIII – Assim, pelo evidente dano moral que provocou o banco-réu, é de impor-se a devida e necessária condenação, com arbitramento de indenização à autora, que experimentou o amargo sabor de ter o “nome sujo” sem causa, sem motivo, de forma injusta e ilegal. Trata-se de uma “lesão que atinge valores físicos e espirituais, a honra, nossa ideologias, a paz íntima, a vida nos seus múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela que afeta de forma profunda não os bens patrimoniais, mas que causa fissuras no âmago do ser, perturbando-lhe a paz de que todos nós necessitamos para nos conduzir de forma equilibrada nos tortuosos caminhos da existência.”, como bem define CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, ed. Forense).

XIX – E a obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição Federal, precisamente em seu art. 5º, onde a todo cidadão é “assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem” ( inc. V) e também pelo seu inc. X, onde “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

XX – Tendo em vista que a inscrição indevida do nome da autora do SERASA e SCPC caracteriza ato ilícito, também caberia o dever de reparar, agora com base no art. 159 do Código Civil. E essa reparação, conforme se lê no art. 948, do Código Civil, consistiria na fixação de um valor que fosse capaz de desencorajar o ofensor ao cometimento de novos atentados contra o patrimônio moral das pessoas.

XXI – E o dano é patente! JOÃO ROBERTO PARIZATTO (Dano Moral, 1998, ed. Edipa, pg. 10 e sgts.), com relação ao protesto indevido, isto é sem causa, conclue que “ocorrerá um dano à pessoa física ou jurídica, afetando seu bom nome, sua reputação, sua moral, posto que com o protesto há comunicação ao SERASA, ficando o protestado impedido de realizar transações de natureza comercial e bancária. Realizado o protesto, tal ato traz consequências negativas ao crédito e à idoneidade da pessoa que fica impedida de contrair empréstimos bancários, financiamentos habitacionais etc.”.

XXII – A seu turno, YUSSEF SAID CAHALI, (Dano Moral, 2ª ed., 1998, ed. RT, pg. 366 e sgts.), ao tratar do protesto indevido, é da seguinte opinião: “sobrevindo, em razão do ilícito ou indevido protesto de título, perturbação nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral puro, passível de ser indenizado; o protesto indevido de título, quando já quitada a dívida, causa injusta agressão à honra, consubstanciada em descrédito na praça, cabendo indenização por dano moral, assegurada pelo art. 5º, X, da Constituição”, e que “o protesto indevido de título macula a honra da pessoa, sujeitando-a ainda a sérios constrangimentos e contratempos, inclusive para proceder ao cancelamento dos títulos protestados, o que representaria uma forma de sofrimento psíquico, causando-lhe ainda uma ansiedade que lhe retira a tranquilidade; em síntese, com o protesto indevido ou ilícito do título de crédito, são molestados direitos inerentes à personalidade, atributos imateriais e ideais, expondo a pessoa à degradação de sua reputação, de sua credibilidade, de sua confiança, de seu conceito, de sua idoneidade, de sua pontualidade e de seriedade no trato de seus negócios privados.”

XXIII – Da mesma forma, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) também prevê o dever de reparação, posto que ao enunciar os direitos do consumidor, em seu art. 6º, traz, dentre outros, o direito de “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos” (inc. VI) e “o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados” (inc. VII).

XXIV – Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória, do desconforto em que se encontra a autora.

XXV – “Na verdade, prevalece o entendimento de que o dano moral dispensa prova em concreto, tratando-se de presunção absoluta, não sendo, outrossim, necessária a prova do dano patrimonial” (CARLOS ALBERTO BITTAR, Reparação Civil por Danos Morais, ed. RT, 1993, pág. 204).

XXVI – E na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus direitos e obrigações, pois “quanto maior, maior será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de sua vida social”. Continua, dizendo que “dentro do preceito do ‘in dubio pro creditori’ consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma que a compensação corresponda ao seu direito maculado pela ação lesiva.”

XXVII – Isso leva à conclusão de que diante da disparidade do poder econômico existente entre banco-réu e autora, e tendo em vista o gravame produzido à honra da autora e considerado que esta sempre agiu honesta e diligentemente, pagando antecipadamente sua dívida e procurando evitar – a todo custo!!! – que seu nome fosse indevidamente levado a protesto, míster se faz que o quantum indenizatório corresponda a uma cifra cujo montante seja capaz de trazer o devido apenamento ao banco-réu, e de persuadi-lo a nunca mais deixar que ocorram tamanhos desmandos contra as pessoas que, na qualidade de consumidores, investem seu dinheiro e se relacionam com o banco.

XXVIII – E, ressalve-se, a importância da indenização vai além do caso concreto, posto que a sentença tem alcance muito elevado, na medida em que traz consequências ao direito e toda sociedade. Por isso, deve haver a correspondente e necessária exacerbação do quantum da indenização tendo em vista a gravidade da ofensa à honra da autora; os efeitos sancionadores da sentença só produzirão seus efeitos e alcançarão sua finalidade se esse quantum for suficientemente alto a ponto de apenar o banco-réu e assim coibir que outros casos semelhantes aconteçam.

XXIX – MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 9ª ed., Saraiva), ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal “constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição de seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente”, e a função satisfatória ou compensatória, pois “como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não têm preço, a reparação pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada.” Daí, a necessidade de observar-se as condições da ambas as partes.

XXX – O Ministro Oscar Correa, em acórdão do STF (RTJ 108/287), ao falar sobre dano moral, bem salientou que “não se trata de pecúnia ‘doloris’, ou ‘pretium doloris, que se não pode avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízo e danos e abalos e tribulações irreversíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento pelo direito, do valor da importância desse bem, que é a consideração moral, que se deve proteger tanto quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege.” Disso resulta que a toda injusta ofensa à moral deve existir a devida reparação.

XXXI – A jurisprudência dos Tribunais é dominante no sentido do dever de reparação por dano moral, em especial nos casos de protesto indevido, destacando-se dentre muitos, os seguintes:

BANCO – Responsabilidade civil – Registro indevido do nome do correntista na central de restrições de órgão de proteção ao crédito – Ato ilícito absoluto – Dano Moral caracterizado – Indenização devida. INDENIZAÇÃO – Dano Moral – Arbitramento mediante estimativa prudencial que leva em conta a necessidade de satisfazer a dor da vítima e dissuadir de novo atentado o autor da ofensa. Responde, a título de ato ilícito absoluto, pelo dano moral consequente, o estabelecimento bancário que, por erro culposo, provoca registro indevido do nome de cliente em central de restrições de órgão de proteção ao crédito. (TJSP, unânime, Ap. 198.945-1/7, 2ª C., j. 21.12.93, rel. Juiz Cezar Peluso, RT 706/67). No mesmo sentido: ApCiv 056.443-4/0, 3ª Câm. Direito Privado TJSP, unânime, j. 02.09.1997, rel. Des. Ênio Santarelli Zuliani, RT 747/267; Ap. 710.728-0-SP, 9ª Câm. Extraordinária “A” 1º TACivSP, unânime, j. 18.11.1997, rel. Juiz Armindo Freire Marmora; Ap. 669.657-5-SP, 7ª Câm. Extraordinária 1º TACivSP, unânime, j. 23.06.1997, rel. Juiz Sebastião Alves Junqueira; Ap. 719.878-1-SP, 2ª Câm. Extraordinária “B” 1º TACivSP, unânime, j. 17.06.1997, rel. Juiz Marcos Zanuzzi; Ap. 724.606-8-SP, 8ª Câm. Extraordinária “A” 1º TACivSP, unânime, j. 05.11.1997, rel. Juiz José Araldo da Costa Telles.

RESPONSABILIDADE CIVIL – Perdas e danos morais – Apontamento indevido de débitos, pelo Banco, enviando o nome do acionante ao SPC e ao SERASA – Situação que provocou restrições indevidas ao autor, vulneradoras do seu direito de crédito, financiamento, reputação e honra-dignidade, frente à situação constrangedora criada por erro do banco – Dano moral configurado – Presunção absoluta, dispensando prova em contrário – Desnecessidade de prova de dano patrimonial – Ação procedente – Juros moratórios devidos, à taxa de 6% ao ano a partir da citação e elevação da verba honorárias justificada, a 15% sobre o valor da condenação corrigida – Recurso do autor parcialmente provido, restando improvido o interposto pelo réu. (Apelação nº 710.728-0 – São Paulo – 9ª Câmara Extraordinária “A” DO 1º TACivSP – unânime – j. 18/11/1997 – Rel. Juiz Armindo Freire Mármora.).

INDENIZAÇÃO – Responsabilidade civil – Dano moral – Protesto cambiário indevido – Desnecessidade de provar a existência de dano patrimonial – Verba devida – Artigo 5º, inciso X da Constituição da República – Recurso provido.” (“RJTJESP”, Lex, 134/151, Rel. Des. Cezar Peluso, no qual é citado aresto do Colendo Supremo Tribunal Federal, na “RTJ” 115/1.383-1.386, do qual consta que: “não se trata de pecunia doloris ou pretium doloris, que se não pode avaliar e pagar, mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízos e danos e abalos e tribulações irressarcíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento, pelo direito, do valor e importância desse bem, que se deve proteger tanto quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege”).

INDENIZAÇÃO – Responsabilidade civil – Estabelecimento bancário – Dano moral – Ocorrência – Cheque indevidamente devolvido – Desnecessidade de comprovação do reflexo material – Recusa, ademais, em fornecer carta de retratação – Verba devida – Artigo 5º, inciso X, da Constituição da República – Recurso provido.” (“RJTJESP”, Lex, 123/159, Rel. Des. José Osório).

INDENIZAÇÃO – Responsabilidade civil – Dano moral – Banco – Devolução de cheques de correntista, objeto de furto, por falta de fundos, com inclusão de seu nome no cadastro do Banco Central – Negligência da instituição financeira evidenciada – Inexigibilidade para o ajuizamento da prova de qualquer prejuízo – Artigo 5º, inciso X, da Constituição da República – Elevação da verba de dez para cem vezes os valores dos títulos, tal como pedido pelo autor – Recurso provido.” (“JTJ”, Lex, 168/98, Rel. Des. Carlos de Carvalho).

INDENIZAÇÃO – Responsabilidade civil – Dano moral – Cadastramento do nome do autor no Serviço de Proteção ao Crédito – Pendência de ação por aquele ajuizada contra o réu – Indenização devida – Artigo 5º, inciso X, da Constituição da República – Recurso provido para esse fim. A sensação de ser humilhado, de ser visto como ‘mau pagador’, quando não se é, constitui violação do patrimônio ideal que é a imagem idônea, a dignidade do nome, a virtude de ser honesto.” (“JTJ”, Lex, 176/77, Rel. Des. Ruy Camilo).

XXXII – Diante do exposto acima, a autora requer a condenação do banco-réu no dever de indenizar pelos danos morais que provocou com a inserção indevida do nome da autora nos sistemas SERASA e SCPC, bem como pelo fato de ter passado quase todo o ano importunando a autora com cobranças, cartas e todos os transtornos que causaram.

XXXIII – Com relação ao quantum indenizatório a autora requer a apuração por arbitramento de V.Exa., observados a honestidade e a pontualidade da autora, que pagou antecipadamente aqueles contratos, a diligência da autora em notificar judicialmente o banco-réu para evitar mal maior, a gravidade do dano moral causado com a inscrição indevida no SERASA e SCPC, o fato de estar a autora sofrendo ao longo desse ano com as incessantes cobranças, sentindo-se em situação vexaminosa, constrangedora, que lhe tira a paz da alma e o sossego e que lhe mancha a honra de forma cruel.

XXXIV – Outrossim, deve-se levar em conta, ainda, o poder econômico do banco-réu e o fato de que a função sancionadora que a indenização por dano moral busca, só surtirá algum efeito se atingir sensivelmente o patrimônio do banco-réu, de forma que o coiba a deixar que a desorganização prejudique toda a coletividade que com ele mantém relação de consumo.

XXXV – Isto esta presente na farta jurisprudência dos Tribunais, especialmente nas decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo, nos autos da apelação 142.932-1/3, da 2º Câmara, julgado 21.05.1991, votação unânime, relator Desembargador Urbano Ruiz (RT 675/100) e na decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, nos autos da apelação 596.210.849, da 5ª Câmara, julgado 21.11.1996, votação unânime, relator Desembargador Araken de Assis (RT 738/402).

DO PEDIDO

XXXVI – Ante a tudo o que foi exposto, a autora requer:

a) Preliminarmente, a autora requer a distribuição por dependência para o MM. Juízo da 1ª Vara Cível, tendo em vista que a medida cautelar, antes mencionada, encontra-se em trâmite perante o referido Juízo, nos autos do processo nº 40.286-7/98, o qual se requer inclusive o apensamento nestes autos.

b) Requer a citação do referido banco, na pessoa de seu representante legal para, querendo, apresentar resposta à presente ação no prazo legal.

c) Requer, nos termos do art. 4º,I, do CPC, seja declarada a inexistência de qualquer débito junto ao banco, pondo fim à incerteza que há, requerendo inclusive que o banco forneça à autora um documento hábil a provar sua quitação definitiva, para nunca mais ter de passar por semelhante vexame, ridículo e desgosto.

d) Requer, nos termos do art. 5º da Constituição Federal, a condenação do banco-réu no pagamento de verba indenizatória por dano moral causado à autora, cujo valor deverá ser arbitrado por V.Exa., tendo em vista a farta jurisprudência anteriormente citada, em especial RT 738/402 e RT 675/100.

e) Requer a condenação do banco-réu no pagamento de todas as despesas processuais e em honorários advocatícios.

DA CITAÇÃO

XXXVII – Requer possa a citação efetivar-se nos termos do art. 172 e seus parágrafos, do Código de Processo Civil, e faz juntada de mais uma cópia da inicial, para instruir o mandado citatório.

DAS PROVAS

XXXVIII – A autora pretende provar o alegado por todos os meios em direito permitidos, sem exclusão de nenhum, e em especial pela juntada de documentos e depoimento das partes e de testemunhas, caso necessário.

DO VALOR DA CAUSA

XXXIX – Dá-se à causa o valor de R$ 473,64, correspondente ao valor das negativações realizadas pelo banco-réu.

DA INTIMAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

XL – Requer, para efeito de intimação pela Imprensa Oficial, sejam observados os nomes de todos os subscritores da presente, anotando-os na contracapa dos autos, consoante ítem 62, do Capítulo IV, da Norma de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça.

Termos em que, Pede e espera Deferimento.

São Paulo, …. de ………. de ……..

Advogado
OAB……

Fonte: Escritório Online

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