Jobim: Plano de Defesa tem entraves econômicos, tecnológicos e políticos

por Lourenço Canuto

A implementação do Plano Estratégico de Defesa Nacional tem como maiores entraves o seu financiamento e a transferência de tecnologia. Foi o que afirmou hoje (7) o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao participar do seminário Estratégia de Defesa Nacional e a Indústria Brasileira.

Segundo Jobim, o Brasil precisa superar o desinteresse dos países mais desenvolvidos em cooperar com o plano. Além disso, a participação do Congresso Nacional no debate é também muito importante, “no sentido de definir essa prioridade no contexto do desenvolvimento nacional”.

Para o ministro, o assunto não é um tema restrito às Forças Armadas, mas está na agenda nacional. E “encarar a questão de frente é fundamental para que tudo não caia no vazio”.

Jobim lembrou que, com a Constituição de 1988, houve uma evolução sobre o entendimento do papel das Forças Armadas, que hoje significam “um apoio muito importante ao processo democrático, depois da transição da fase em que militares ocupavam cargos civis no governo”.

De acordo com ele, a relação da área da Defesa com o parlamento está inserida na própria consolidação do processo democrático.

O Ministério da Defesa, segundo Jobim, não pode militarizar as relações internacionais, que têm que ser geridas sempre pelo Ministério das Relações Exteriores.

No entanto, o ministro argumentou que a capacidade de negar qualquer acordo por parte da área diplomática, depende muito da estrutura de defesa do país, que precisa levar em conta “o mundo que vivemos, com seus conflitos assimétricos”. Ele admitiu, no entanto, que já ouviu de observadores internacionais a opinião de que o Brasil não precisa fortalecer sua defesa, por não ter inimigos.

O presidente da Associação Brasileira de Estudos sobre Defesa, Eurico Lima Figueiredo, disse, no encontro, que o Brasil tem capacidade civil para desenvolver essa indústria. Existem, segundo ele, cerca de 500 pesquisadores de expressão no país, que se dedicam a esses estudos.

Dados da associação indicam que há 264 trabalhos científicos de destaque na área. Esses estudos, segundo Figueiredo, significam “uma prospecção do futuro e não um mero exercício”. Ele defendeu que se estabeleça um debate nacional para fortalecer a área de defesa.

O deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB) afirmou que o Brasil tem posição de destaque na área do desenvolvimento de softwares, fator importante para a indústria da Defesa.

Ele lamentou, no entanto, o que chamou de despreparo do país no campo da tecnologia espacial. Gadelha lembrou das tentativas frustradas de levar ao espaço satélites por meio de equipamento nacional, o Veículo Lançador de Satélites (VLS), inclusive com a explosão de um dos protótipos, ocorrida na Base de Alcântara em 2003.

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