G20 enfrenta impasse entre países para chegar a solução contra crise

A Cúpula G20 (grupo dos países ricos e os principais emergentes) em Londres (Reino Unido) começou hoje com uma mensagem otimista do primeiro-ministro do Reino Unido e anfitrião da reunião, Gordon Brown. Mas as principais questões contra a crise financeira mundial vão enfrentar divergências, fazendo com que os líderes tenham de achar uma forma de manterem-se unidos para chegar a uma solução eficaz.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o G20 deve aprovar na reunião de amanhã, em Londres, a criação de um fundo internacional de US$ 1 trilhão para socorrer a economia mundial.

Desse total, US$ 200 bilhões devem ser empregados em financiamentos para o comércio internacional. De acordo com Mantega, o Japão deve emprestar US$ 100 bilhões para o fundo. A mesma quantia deve ser repassada pela União Europeia. Já a Noruega deve destinar US$ 48 bilhões.

Na opinião do ministro da Empresa britânico, Peter Mandelson, para sair da crise todos os países “têm que fazer mais do que já fizeram”. Mandelson respondeu assim a uma pergunta sobre se o governo do Reino Unido está decepcionado com a resistência dos governos europeus, especialmente da França e Alemanha, em se comprometer a aprovar planos adicionais de estímulo fiscal.

“Ninguém estava pedindo à Alemanha e à França que viessem aqui a escrever seus orçamentos nacionais”, disse Mandelson, que reconheceu, no entanto, que o compromisso de Paris e Berlim para um esforço adicional “está abaixo do nível que gostaríamos de ver”.

O premiê britânico disse que existe “um alto grau de consenso” entre os chefes de Estado e de governo sobre a maneira de enfrentar a crise e recuperar a economia mundial.

“Acho que o texto que esteve circulando já reflete um grau muito alto de consenso e acordo entre todos nós”, disse Brown, ao abrir oficialmente a primeira sessão plenária da cúpula.

Ao lado do presidente americano, Barack Obama, e do ministro da Economia britânico, Alistair Darling, Brown disse que esta é “uma oportunidade” para que os países busquem conjuntamente “a maneira de reconstruir nossa economia global” e para que constatem que “os problemas globais precisam de soluções globais”.

Em seu breve discurso inicial, Brown deu a palavra aos responsáveis das instituições multilaterais para que comentassem o conteúdo da minuta elaborado há duas semanas pelos ministros da Economia e das Finanças no que se refere ao tema do protecionismo, que qualificou como “uma preocupação compartilhada”.

OMC

O primeiro-ministro do Reino Unido pediu a intervenção do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, e depois discursarão os chefes de Estado e de governo, em uma sessão que deve durar pouco mais de duas horas.

Os líderes posaram para a foto oficial da cúpula antes da sessão plenária, que deve durar até 9h de Brasília, quando os líderes farão uma pausa para o almoço e voltarão a se reunir, para concluir a cúpula.

Uma entrevista coletiva de Brown entre as 11h30 e 12h (no horários de Brasília) divulgará o comunicado final desta cúpula, que começou marcada pelas diferenças de enfoque entre EUA e países europeus, sobretudo França e Alemanha, sobre a melhor maneira de fazer frente à pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial.

O governo britânico previu que a cúpula “responderá aos níveis de expectativa e ambição das pessoas” e enviará uma mensagem clara de unidade, que permita recuperar a confiança na economia.

Manifestantes

Os primeiros manifestantes começaram a chegar às imediações do centro de conferências Excel, no leste de Londres, onde ocorre o G20. Cerca de 25 pessoas formam a frente do protesto, que deve acontecer na área durante as próximas horas.

Por enquanto, os manifestantes estão centrando seus protestos na presença na cúpula, como representante africano, do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, a quem acusam de abusos sistemáticos aos direitos humanos em seu país.

“É triste que Zenawi tenha sido convidado e possa estar com os líderes do mundo, que provavelmente não sabem ou não estão interessados em conhecer o genocídio que está ocorrendo no país e contra o qual protestamos”, disse um dos manifestantes.

Este protesto no centro Excel será depois da manifestação desta quarta-feira contra o G20 em frente ao Banco da Inglaterra, que reuniu milhares de pessoas e levou a distúrbios nos quais 90 pessoas foram detidas.

Um manifestante morreu ontem durante os protestos, aparentemente por causa de um ataque cardíaco, mas o fato está sendo investigado por uma comissão policial independente para esclarecer o ocorrido.

Um “exército” dos serviços de limpeza começaram esta manhã a trabalhar na City (centro financeiro) londrina, onde há bens públicos danificados, vitrines quebradas, pichações e adesivos com mensagens políticas em muitas paredes.

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