Hora do veredicto – Começa júri de acusado de matar herdeiro do 9 de Julho

por Fernando Porfírio

A juíza Vanessa Ribeiro Mateus, do 1º Tribunal do Júri da Capital paulista, iniciou o julgamento de Antonio Roberto Cerato, acusado de matar o empresário João Carlos Ganme, herdeiro do Hospital 9 de Julho. O crime aconteceu em outubro de 1999. Também estava previsto o julgamento do advogado Wagner Meira Alves, mas ele foi beneficiado por uma liminar em Habeas Corpus. A medida foi concedida pelo desembargador Luiz Pantaleão, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

O crime ganhou repercussão pela crueldade empregada na sua execução. Outros cinco homens também foram acusados de participação no assassinato. Um deles foi morto em Araçatuba, logo depois de ameaçar delatar os supostos comparsas. Os outros já foram condenados a penas que variam de 14 a 17 anos de prisão.

A acusação será feita pelo promotor de Justiça Roberto Tardelli. Antônio Cerato estava foragido até dezembro de 2007, quando foi preso pela Polícia Federal, em Cuiabá. Segundo a PF, ele estava escondido em Mato Grosso há mais de três anos.

Facadas

O empresário João Carlos Ganme foi morto a facadas. O crime aconteceu na sede da Agropecuária Foltran, na rua Augusta. De acordo com a denúncia, no dia do crime, os dois acusados chegaram ao escritório com um envelope amarelo fingindo que fariam uma entrega. Ao serem atendidos, invadiram o local. Ganme foi rendido e agredido até a morte. O empresário teve os pés imobilizados por lacres plásticos e recebeu 37 golpes de faca e ainda teve o pescoço quebrado.

A polícia chegou aos acusados depois de investigar outro crime: o assassinato do ex-jogador de basquete Cacildo de Jesus Lopes, morto a tiros. Foi apurado que Lopes teria participado de um outro homicídio. Segundo a Polícia, o ex-jogador seria um dos executores do crime e teria recebido dinheiro para ajudar a matar o empresário.

A Polícia apurou que Wagner Meira Alves, administrador de uma das fazendas da vítima, planejou o crime porque estaria com medo de ser descoberto pelo patrão em um esquema de desvio de madeira e gado da fazenda Santa Rita, em Ribeirão Cascalheira (MT). Alves era funcionário do empresário há 14 anos.

De acordo com a investigação, Alves recebeu ajuda do genro, Airton Gilio, e do irmão dele, Altair Gilio, para contratar os matadores de aluguel Calcildo de Jesus Lopes e Antônio Roberto Cerato. O grupo ainda teria contado com apoio do empregado de confiança do empresário, o auxiliar de compras José Roberto Garcia, que teria fornecido detalhes sobre a rotina do patrão, apontando data e hora mais propícia para o crime.

De acordo com denúncia do Ministério Público, Wagner Meira Alves investiu cerca de R$ 100 mil na execução do empresário. Os dois matadores teriam recebido R$ 20 mil cada um.

Alves nega as acusações de desvio de dinheiro da fazenda e a encomenda da morte do patrão. Segundo a Polícia, o padrão de vida do acusado não era compatível com seu salário, de aproximadamente R$ 2,5 mil. Na época, ele era dono de três caminhões Volvo e um carro importado.

De todos os envolvidos no crime, só resta o julgamento de Wagner Meira Alves e Antônio Roberto Cerato. Altair Gilio e José Roberto Garcia foram condenados a 17 anos de reclusão, com pena confirmada pelo Tribunal de Justiça. Airton Gilio foi condenado a 14 anos de reclusão.

Revista Consultor Jurídico

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