Farsa descoberta – Acusado de dar golpe em seguradora dos EUA é preso

Fracassou a tentativa de Mércio Eliano Barbosa, de 28 anos, de aplicar o chamado golpe do seguro. A farsa montada por ele e pelo papiloscopista, João Alcione Cavalli, de 47 anos, foi descoberta. Ambos foram presos em Curitiba, no Paraná. De acordo com a polícia, o comprador (Mércio) usou o cadáver vendido pelo papiloscopista para forjar a própria morte e aplicar um golpe no qual receberia US$ 1,6 milhão da seguradora norte-americana New York Life Insurance.

Com o atestado de óbito falso, a mulher dele poderia receber o dinheiro do seguro nos Estados Unidos. O Núcleo de Repreensão a Crimes Econômicos (Nurce) também prendeu a irmã de Barbosa, Daiana Barbosa, de 20 anos, e Cristian Gean José de Andrade, de 30 anos. Eles são acusados de participação no golpe. O papiloscopista era funcionário do Instituto de Identificação e estava lotado no IML. A prisão dele foi feita nesta quarta-feira (16/4) dentro do Instituto de Identificação. Segundo o interventor do IML, coronel Almir Porcides Júnior, o envolvimento de outros funcionários do órgão na fraude será investigado. A reportagem é do jornal Gazeta do Povo.

O delegado Sérgio Inácio Sirino, coordenador estadual do Nurce, informou que o golpe começou a ser arquitetado há três anos, quando Barbosa comprou duas apólices de seguro de vida — uma no valor de US$ 1 milhão e outra de US$ 600 mil — nos Estados Unidos, onde morava com a mulher. As investigações policiais apontam que o funcionário do IML se encontrou com Barbosa por três vezes em Curitiba. Cavalli receberia seu pagamento apenas depois que o dinheiro do seguro fosse liberado, o que não aconteceu.

Em um dos encontros, Cavalli colheu as impressões digitais de Barbosa e informou que um parente precisaria ir até o IML para reconhecer o corpo. Daiana, então, reconheceu o corpo do indigente como sendo de seu irmão, explicou o delegado. Com o corpo liberado, a família enterrou o indigente em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Além das apólices de seguro, Barbosa fez o consórcio de uma GM Blazer no valor de R$ 130 mil no nome e endereço de Andrade, seu amigo. “Barbosa entregava o dinheiro a Andrade para fazer o pagamento das mensalidades e, após sua suposta morte, conseguiria quitar o consórcio e dar uma parcela do dinheiro a Andrade”, contou o delegado.

A seguradora, porém, desconfiou da morte de Barbosa e repassou algumas informações à polícia brasileira. O inquérito sobre o caso foi aberto no dia 5 de março. Na sexta-feira (11/4), Barbosa e Daiana foram presos na cidade de Ibaiti, no norte do Paraná. Andrade foi preso em São José da Boa Vista, na mesma região. Daiana permanece detida no Centro de Triagem I, em Curitiba. Os outros três envolvidos no golpe estão no Centro de Triagem II, em Piraquara, na região metropolitana.

Barbosa, Daiana e Andrade vão responder por estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e formação de quadrilha. O funcionário do IML será indiciado por corrupção passiva. A Polícia Federal vai solicitar a extradição da mulher de Barbosa dos Estados Unidos para o Brasil.

O corpo enterrado no cemitério Caminho do Céu, em São José dos Pinhais, será exumado nesta quarta-feira (16/4). Existe a suspeita de que ele seja de Marcelo Alves, 20 anos. De acordo com Sirino, a mãe do rapaz teria requisitado o corpo no IML. A verdadeira identidade do cadáver será confirmada por meio de DNA.

O enterro aconteceu no final de julho do ano passado. A polícia suspeita que Mércio Eliano Barbosa tenha participado do “próprio” sepultamento.

Orkut

Segundo informações da polícia, Barbosa utilizada o site de relacionamento Orkut para colocar em prática a fraude. “Ele deixava recados em comunidades do Orkut com o intuito de descobrir como conseguir um atestado de óbito falso. O funcionário do IML soube da necessidade do golpista e o procurou”, conta o delegado.

Da mesma forma que favoreceu Barbosa, o Orkut auxiliou a polícia na prisão de Andrade. Um perfil falso de uma mulher chamada Maria Emília foi criado e utilizado para que um encontro entre o casal fosse marcado. Andrade acabou indo ao encontro e foi preso.

Intervenção

O IML de Curitiba está sob intervenção administrativa desde o dia 25 de fevereiro. O antigo diretor do instituto, Hélio Bonetto, foi retirado do cargo. Para o seu lugar, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, nomeou como interventor o coronel Almir Porcides Júnior. “A descoberta do golpe que envolvia um funcionário do IML reforça de forma definitiva a necessidade da intervenção no órgão”, afirma o secretário

Luiz Fernando Delazari disse que o golpe é “absurdo” e ressaltou que outras ocorrências ilegais podem ter acontecido no IML. “Estamos apurando a existência de mais ‘falcatruas’ no instituto”, afirma.

Revista Consultor Jurídico

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