TJ/RJ: Herdeiros do bordel mais famoso do Brasil nos anos 50, conhecido como Casa Rosa, ganham ação de reintegração de posse

O juiz Paulo Roberto Correa, da 8ª Vara Cível da Capital, deferiu na segunda-feira (16/5), a reintegração de posse em favor do espólio de Henrique Corrêa do imóvel localizado na rua Alice, 550, no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. No imóvel funcionou na década de 50 o bordel mais famoso do Brasil, conhecido como a Casa Rosa.

Alugado em 2016, o imóvel foi abandonado pela inquilina, com vários meses de atraso no aluguel, motivando a ação de despejo por abandono, ganha pelo espólio. O imóvel, então, foi invadido por várias pessoas, o que levou o espólio a requerer a reintegração de posse.

“A documentação carreada revela a verossimilhança e o risco de dano irreparável ou de difícil reparação, o que se extrai pela prova da propriedade e do exercício regular da posse, haja vista que o imóvel se encontrava locado a outrem, como já mencionado, e a movimentação de pessoas, que intentaram, inclusive, promover uma alteração da rede elétrica, para obtenção de energia elétrica, mediante furto, em tese, causando incêndio, como se verifica de uma das imagens fornecidas”, destacou o juiz na decisão.

Processo nº: 0027139-84.2021.8.19.0001

História da Casa Rosa de Laranjeiras

O prédio chama muito a atenção. Quem passa por lá hoje em dia, ainda se encanta com a beleza do lugar. Todavia, o passado também deve ser notado. Ou “noitado” já que essa Casa tem um histórico noturno e boêmio.

A Casa Rosa é uma construção do início do século XX. O seu auge foi no início dos anos 1950. Lá funcionava um prostíbulo de luxo frequentado por políticos e outros famosos.

“Era o bordel mais famoso do Brasil nessa época. Tinha até um portão escondido, para os clientes que não queriam ser vistos saindo ou entrando lá”, conta o pesquisador Pedro Figueira.

Durante os anos 1980, com os diversos casos de HIV/Aids em todo o Rio de Janeiro, Brasil, o local foi ficando cada vez mais vazio e mal conservado. A Casa Rosa fechou por um tempo.

Foi reaberta e nos anos 2000 se tornou um local de eventos. Rolava show de rock, rodas de samba, festas de música eletrônica. Contudo, em 2004, outro fechamento.

Vizinhos, incomodados com o barulho da casa de festas, venceram uma ação na Justiça e conseguiram fechar o imóvel.

Em 2015, reconhecendo que a Casa Rosa está ligada à história do bairro de Laranjeiras, o Governo tombou o lugar como patrimônio cultural imaterial do Rio.

Embora tenha grafites e elementos de arquitetura moderna, o prédio mantém detalhes de sua arquitetura original, como os azulejos portugueses na área do bar, uma mesa de pedra, além dos detalhes nos tetos e portais espalhados.

A Casa Rosa foi até tema de documentário. “Pretérito Perfeito”, realizado em 2008, com roteiro e direção de Gustavo Pizzi, conta a história do lugar.

Atualmente, o local abriga o Centro Cultural Casa Rosa.


Por Felipe Lucena
É jornalista, roteirista, redator, escritor, cronista. Filho de nordestinos, nasceu e foi criado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em Curicica. Sempre foi (e pretende continuar sendo) um assíduo frequentador das mais diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro.

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