Uma mulher que levou seu filho de três anos, chamado Jihad, para a escola com uma camiseta em que se lia “Jihad, nascido em 11 de setembro, eu sou uma bomba” foi multada e condenada a uma pena suspensa por um tribunal francês na sexta-feira (20/09).
O caso ocorreu em setembro do ano passado, em um jardim-de-infância em Sorgues, no sul da França, e foi reportado ao município, que levou a queixa a um tribunal. A mãe da criança, Bouchra Bagour, e seu tio, Zeyad Bagour, que comprou a camiseta, foram condenados um ano depois de aberto o processo.
No tribunal, o tio da criança disse que tudo se tratou de um mal-entendido e que não há qualquer relação com os atentados de 2001 nos Estados Unidos. “A frase ‘Sou uma bomba’ é utilizada em todo o mundo. Quanto a ‘Jihad, nascido em 11 de setembro’, trata-se realmente do seu nome e do seu aniversário”, justificou. O termo “jihad” é um conceito da religião islâmica que quer dizer “empenho, esforço”, sendo associado à “guerra santa” empreendida para levar a fé dos muçulmanos a outros povos.
Já Bouchra Bagour afirmou ter ficado surpresa com a reação que a roupa do filho provocou na escola e na comunidade local, admitindo que nunca imaginou tamanha repercussão para o caso. Nem ela nem o irmão foram considerados muçulmanos radicais pelas autoridades.
Apesar disso e de o autarca de Sorgues, Thierry Lagneau, ter confirmado a identidade e a data de nascimento da criança, o processo avançou para o tribunal de Avignon, onde foi aberto um inquérito.
“Esta criança, dada a sua idade, não pode assumir qualquer responsabilidade. Denuncio a atitude dos pais, que usaram vergonhosamente a pessoa e a idade da criança para transmitir uma mensagem com significado político”, defendeu Lagneau.
Já o procurador da República em Avignon, Bernard Marchal, lamentou a “utilização de uma criança para usar aquele tipo de frase” e sublinhou que é necessário “impor limites” em casos como este. Ele decidiu que os irmãos Bagour deveriam ser ouvidos perante um juiz por suspeita de “apologia de crime”.
Em abril deste ano, os dois foram absolvidos em primeira instância, mas Marchal apelou da decisão. “Assistimos à evocação desinibida do terrorismo. Não queremos ver esse tipo de frases nas escolas ou nos tribunais”, sustentou o ministério público.
Agora, Bouchra e Zeyad foram condenados: ela, a um mês de prisão com pena suspensa e a pagar uma multa de 2 mil euros; ele, a dois meses de prisão, também com pena suspensa, e ao pagamento de uma multa de 4 mil euros. A defesa dos dois considerou a decisão “surpreendente” e considera recorrer ao Supremo Tribunal.
12 de dezembro
12 de dezembro
12 de dezembro
12 de dezembro