Na tentativa de se defender das acusações de envolvimento com o mensalão, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares se apresenta como um militante idealista, pobre e vítima de uma campanha sensacionalista da imprensa. Nas alegações finais, protocoladas no STF, a defesa de Delúbio compara as injustiças que ele teria sofrido durante a CPI dos Correios à condenação de Jesus Cristo.
O ex-tesoureiro nega que tenha feito pagamentos mensais a parlamentares da base do governo de Lula, mas admite o crime de caixa dois.
Delúbio louva o papel da imprensa e do parlamento na democracia, mas diz que o sistema tem limitações. “Entre elas desponta a criação de estados emocionais coletivos, não privativos da democracia, que tampouco lhes é imune, como foi aquele que trocou Barrabás por Cristo, o que expulsou de Atenas o justo Aristides, o que levou Hitler ao poder na Alemanha”, diz a peça de razões finais.
A petição sustenta que a instrução demonstrou que “a razão de os pagamentos terem sido feitos em espécie foi exclusivamente o fato de que tais valores não foram registrados na contabilidade do partido”. O reconhecimento do crime, ainda que perante o Supremo, pode beneficiar o ex-tesoureiro.
O crime eleitoral de caixa dois já está prescrito e não implicaria em qualquer sanção ao réu. Na defesa, Delúbio é apresentado como um sonhador que permanece pobre: “ele sempre dedicou sua vida a um sonho: lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas”. O texto não lembra que, antes do escândalo, Delúbio gostava de ostentar benesses do poder como carro blindado, charuto cubano e uísque importado.
O deputado cassado José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, também alega inocência. Ele argumenta que à época das denúncias do mensalão estava no governo e não interferia nas questões do PT. O ex-ministro usa em sua defesa depoimentos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula.
Pelo trecho transcrito, a presidente “acha o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu uma pessoa injustiçada e tem por ele grande respeito”. Lula, conforme a frase destacada pelo ex-ministro, diz que “não tem conhecimento de nenhum ato indevido” de Dirceu.
O prazo para as alegações finais terminou na quinta-feira (8). Doravante, o ministro Joaquim Barbosa pode começar a preparar seu voto para o julgamento dos envolvidos com o mensalão. O processo tramita desde 12 de novembro de 2007. Dentro de exatos 90 dias, completa quatro anos. (Ação Penal nº 470).
18 de dezembro
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