Quando se sente ameaçado, o mal-cheiroso marsupial libera um insuportável odor. Naturalmente este mau cheiro não incomoda nem repele os outros gambás. Por ser “farinha do mesmo saco”, seus congêneres não são incomodados com a fétida liberação glandular. A sabedoria popular buscou neste fenômeno da natureza a explicação para o complexo fenômeno que fazem as pessoas se sintonizarem umas com as outras e com os grupos com os quais se identificam.
Existe um pressuposto indispensável para ajuntar pessoas e estabelecer relações harmoniosas entre elas: a energia gerada e liberada pelo pensamento de cada uma. Observa-se claramente esta verdade de que os afins se atraem e se agrupam, particularmente nas organizações de classes, clubes de serviços, partidos políticos e nas quadrilhas e gangues de malfeitores e criminosos. Não existindo esta sintonia, tornam-se estranhos, são excluídos ou se retiram.
Exemplo acabado desta observação é o PT. Antes de ser partido era o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. Dele surge a figura de um barbudo que passa a liderar o grupo, estimular as greves e atrair a simpatia de boa parte dos artistas e da intelectualidade brasileira. Era chic ser “burguês” e simpatizante do Lula e do seu partido.
Principiava naquele momento a criação do mito e do fenômeno político. O discurso era original, falava-se insistentemente de ética, expressão pouco usada pelos políticos da época. A barba e o sintonizado discurso passaram a ser utilizados pelos seus partidários como diferenciais insurgentes ao sistema ditatorial vigente. Era fácil reconhecê-los pelo estereótipo estabelecido. As metas a alcançar exigiam de seus adeptos, no primeiro momento, ocupantes de direções sindicais, uma bem ensaiada padronização de postura e de discursos.
A penosa e bem sucedida caminhada para eleger o metalúrgico que dedicou toda sua vida à política deve ser creditada a este fenômeno da sintonia do grupo e da bem urdida tapeação nacional. A cumplicidade entre eles com relação às mentiras de propósitos, orquestradas e estabelecidas pela direção, surtiu o desejado objetivo. Não fosse o grupo sintonizado, Lula não teria virado fenômeno e mito. Não fossem todos eles, tal Zé Dirceu, tal Pallocci, tal Delúbio e tais tantos outros estereotipados asseclas, uma vez que todos respondem processos por envolvimentos em delitos, teriam o respeito nacional.
Só depois de instalado no poder é que começaram as defecções dos “companheiros” que deixaram o barco petista ao perceberem o abismo existente entre os discurso das campanhas e a prática exercitada após assumirem o comando do governo. O consolo é que não existe mais o clima que já foi até favorável para a sonhada perpetuação do poder articulada pela alta direção deste combalido partido. Lula, sem seu PT, continua fenômeno político e colhe o que plantou: o nefasto assistencialismo populista e maquiavélico. Este mesmo expediente tem sido utilizado pelos antigos e agora, potenciais ditadores das atrasadas republiquetas da América Latina. Não é à toa, a afinidade do Lula com o Chávez, Fidel, Evo Morales e Kirchner, um gambá cheira o outro.
Francisco Antônio Maia da Cunha, empresário
Artigo publicado no jornal Correio do Estado na edição de 22 de setembro de 2006
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