Maioria de PMs optam por silêncio em interrogatórios de júri do “Massacre do Carandiru”

O terceiro dia do segundo júri popular de policiais militares acusados de participação no “Massacre do Carandiru” foi marcado pela realização dos interrogatórios dos acusados. A sessão desta quarta (31/07) começou com atraso, por volta das 12 horas (horário de Brasília), e terminou na madrugada de hoje (01/08).

A maioria dos réus, todavia, optou em permanecer em silêncio e não responder a quaisquer questionamentos apresentados pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, pelo Ministério Público, assistentes de acusação ou pelos jurados.

Números – Dos 25 policiais réus na ação penal desmembrada referente a 73 homicídios qualificados (recurso que impossibilitou a defesa das vítimas) ocorridos no segundo andar (terceiro pavimento), 22 tiveram a oportunidade de serem ouvidos – 18 optaram pelo silêncio; apenas quatro responderam aos interrogatórios.

O Tribunal de Justiça de São Paulo esclareceu que um dos réus que deveria ser julgado já está morto. Outros dois não compareceram em plenário em razão de problemas de saúde.

Silêncio – “Sou inocente” e “me reservo ao direito de ficar calado” foram os argumentos utilizados por 18 dos policiais réus: Luiz Antonio Tavares (tenente); Carlos do Carmo Brígido Silva (subtenente inativo); Ítalo Del Nero Júnior (sargento exonerado); Carlos Alberto Siqueira (sargento inativo); José Carlos do Prado (tenente inativo); Marcos Gaspar Lopes (sargento); Ariovaldo dos Santos Cruz (sargento); Roberto Alves de Paiva (sargento); Valquimar Souza Gomes (sargento); Pedro Laio Moraes Ribeiro (soldado); Mauro Gomes de Oliveira (cabo); Roberto Lino Soares Penna (soldado); Walter Tadeu de Andrade Assis (sargento); Antonio Aparecido Roberto Gonçalves (sargento); Marcos Heber Frederico Junior (sargento); Raphael Rodrigues Pontes (sargento); Alex Morello Fernandes (cabo); Benjamin Yoshida de Souza (sargento inativo).

Interrogatórios – Quatro policiais optaram em responder aos questionamentos durante os seus respectivos interrogatórios: o capitão reformado Valter Alves Mendonça; o então tenente Marcelo Gonzalez Marques; o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos; e o tenente Edson Pereira Campos.

O coronel Valter Alves Mendonça revelou que, tão logo chegou ao presídio do Carandiru, apresentou-se ao coronel Ubiratan Guimarães, comandante e responsável pela ordem de invasão do Pavilhão 9 da Casa de Detenção – o depoente creditou ao coronel já morto a responsabilidade pela ação da polícia.

O policial afirmou que foi vítima de ataques de detentos por estiletes, pauladas e tiros, bem como assumiu que disparou cinco vezes a submetralhadora que portava contra os detentos. Valter Mendonça afirmou que em razão de estar ferido não acompanhou o término da operação.

Marcelo Gonzalez Marques também disse que os policiais da Rota se dirigiram à direção da Casa de Detenção antes da operação – a direção do presídio temia que a rebelião se alastrasse a outros pavilhões e a tragédia fosse maior. O réu também informou que os presos efetuaram tiros contra os policiais e que disparou quatro vezes contra os rebelados.

Carlos Alberto dos Santos, por sua vez, narrou ao conselho de sentença que a missão da Rota era “controlar a rebelião”. O réu também afirmou que os presos atiraram contra os policiais durante a invasão à Casa de Detenção e que foi baleado na perna. Ao término de seu depoimento, o réu desabafou que “diversos” policiais atiraram nos presos, mas não assumiram suas respectivas condutas e, por tal motivo, ele estava sendo julgado.

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