Advogados dos réus do mensalão recorrem a gracejos nos intervalos

BRASÍLIA – Nas primeiras sessões do julgamento no STF, os renomados advogados de defesa dos réus do mensalão, mesmo sob tensão constante, mostraram que se prepararam não apenas para rebater as acusações do procurador-geral da República, mas também para, com habilidade, enfrentar o batalhão de jornalistas nos intervalos. É quando recorrem a frases de efeitos, tiradas e outros gracejos. Um dos mais desenvoltos nesse campo é o experiente Arnaldo Malheiros, que defende o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, a quem chama de um ídolo dentro do PT. Delúbio é um dos principais acusados e integra o chamado Núcleo Político da ação penal. Ao falar de seu cliente, Malheiros saiu-se com essa:

– Já viu ladrão que mora com a sogra?!

Centro da atenção entre os advogados, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos também recorre à ironia fina para fazer a defesa de seu cliente, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado. Este é seu único cliente no julgamento, mas a linha de defesa dos outros réus também passa por ele, como ficou demonstrado semana passada.

Além de ter sido autor da questão de ordem que tomou quase toda a primeira sessão, sobre o desmembramento do processo, negado pelos ministros, Bastos é procurado o tempo inteiro por seus colegas. Só se falam ao pé do ouvido, para evitar “vazamentos”. Para ele, Roberto Gurgel pesou a mão e “juntou coisas que não se linkam”.

– Que quadrilha é essa que a maioria das pessoas não se conheciam? – diz Thomaz Bastos sobre a relação entre os réus.

Embora negue que vá pedir alguma nova questão de ordem, o advogado Alberto Toron, que defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), lembrou que “questões incidentais” ainda poderão ser levantadas por outros advogados:

– Por exemplo: advogado está falando e o ministro se retira para urinar. Então o advogado continua falando, e suscita uma questão dizendo: eu vou interromper minha fala e aguardar a volta do ministro. É uma questão que pode surgir.

Entre os piadistas e contadores de história que tentam “relaxar’ nos intervalos das sessões, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, também se destaca. Numa roda, sexta-feira, ele contava de uma defesa que fez da ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, no STF. Na ocasião ela estava amamentando um dos filhos. Uma funcionária do tribunal deu um biscoito a Zélia, que comeu mas levou uma bronca do ex-ministro Néri da Silveira. Ainda com fome, ela cochichou com Kakay que estava se sentindo mal e com receio de desmaiar.

– Você consegue (desmaiar)? – perguntou-lhe Kakay, e logo Zélia caiu no plenário. – Ganhei a causa.

No mesmo dia, um dos advogados, que pediu prudente anonimato, contava que circula a seguinte piada entre seus colegas:

– Sabe por que o Professor Luizinho (ex-deputado do PT e réu na ação) só recebeu R$ 20 mil? O cara é professor.


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