Agente de portaria denuncia injúria racial de promotora de Justiça em MS

Uma agente de portaria, que trabalha há três anos em um condomínio de classe média alta, compareceu a 67ª Promotoria de Justiça, em Campo Grande, para denunciar o crime de injúria racial e ofensas pessoais vindas de uma servidora do Ministério Público. Ao G1, a promotora Jaceguara Dantas da Silva Passos, disse que encaminhou um ofício nesta segunda-feira (31) e o caso será julgado pela Procuradoria Geral de Justiça (PGJ).
“É um caso que envolve uma promotora de justiça e por isso eu não tenho atribuição para atuar. A senhora compareceu aqui na última sexta (28) e fizemos um termo de declarações. Hoje o ofício foi encaminhado e, sem dúvida nenhuma, o fato será apurado”, afirmou a promotora.
Segundo as declarações da possível vítima, o fato teria ocorrido no dia 15 de agosto, por volta das 18h (horário de MS). A promotora de justiça, acompanhada de mais uma pessoa, parou o veículo na portaria do condomínio, no bairro Tiradentes. O homem se identificou, porém a mulher teria se recusado a apresentar qualquer documento, ressaltando que era promotora de justiça e não precisaria se identificar.
Respeito às normas
Por conta da norma do condomínio, a funcionária pediu a ela a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), dizendo que a medida visava resguardar a segurança das crianças que transitam no local. Mais uma vez, a promotora teria se negado a apresentar qualquer documento, dizendo que “era promotora de justiça e o condomínio não sabia com quem estava mexendo”.

Ainda segundo o termo de declarações da funcionária, ao falar desta forma, a investigada já estaria alterada, gritando e batendo com uma carteira. Quando o homem também se negou a entregar o documento, a mulher disse que a promotora teria dito: “Entrega logo o documento para esse bando de bostas, esse p…”, falou.
Neste momento, um vigilante, que fica do outro lado da guarita, teria ouvido a gritaria e comparecido ao local. Segundo a possível vítima, ele também fora agredido verbalmente, afirmando que eles deveria terminar logo aquele cadastro. Mais uma vez, ela dizia que “era um absurdo ela, uma promotora de justiça, ter que ficar esperando”, comentou. Além disso, outras pessoas teriam escutado o momento em que a funcionária foi chamada de “negrinha”.
Ao ser questionada sobre qual unidade visitaria, a investigado disse o número, continuando com os xingamentos, segundo a funcionária. O vigilante ainda ressaltou que tentava acalmar a mulher de todas as maneiras, bem como três funcionários que passaram pela portaria naquele momento.
Ao contrário, ao chegar na pessoa que visitaria, ela teria dito que foi muito mal tratada na portaria. A agente de portaria então representou criminalmente contra os autores os xingamentos, inclusive os de cunho racial, pedindo providências do MP.
Solidariedade
Há três dias, a jornalista e assistente social Alcina Reis, de 46 anos, tomou conhecimento dos fatos. “Eu tenho uma amiga que reside no condomínio e me contou os fatos. Então fui saber o que realmente aconteceu e estou prestando solidariedade a funcionária. Ela diz estar em pânico, chora muito ao falar do assunto e está extremamente acuada, com medo de retaliação por parte da promotora. A mulher fala que não esquece as palavras em tom ameaçador, mas disse que a justiça está ao lado dela”, finalizou Reis.

Fonte: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul – G1


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